segunda-feira, 26 de dezembro de 2016

365 PINGUINS

Foi com muita sorte que tive contato com o livro "365 Pinguins" (Jean-Luc Fromental, 2006, Ed.Cia das Letrinhas). Meu filho retirou na biblioteca da escola e trouxe para a leitura do final de semana. Não imaginava que surpresa agradável estava diante de mim. Um livro com conceitos matemáticos e de ciências, trabalhando as quatro operações matemáticas com diversão e humor, e uma surpresa no final. A ilustração também é muito atraente. Mesmo sem usar uma gama variada de cores, os desenhos são muito divertidos. Durante a leitura meus filhos riam dos desenhos e observavam detalhes à medida que os pinguins aumentavam em número. A operação mais evidente é a multiplicação, requerida algumas vezes na leitura, bem como a soma. Estas duas operações aparecem na leitura à medida que pinguins vão chegando, misteriosamente, na família a cada dia que passa, durante 1 ano. À medida que os pinguins são adicionados, são também acrescidas as operações e multiplicam-se as despesas e problemas da família hospedeira dos animais. Surgem, também, problemas envolvendo a divisão, propostos durante a leitura, e mostra-se que à medida que são adicionados mais pinguins as divisões já não são mais possíveis, desequilibrando-se a alternativa encontrada pela família.
E como conciliar estas operações com a área de Ciências? Como trata-se de um livro sobre pinguins e seus hábitos, uma ótima oportunidade de debate se instala. Também há um momento do livro em que problemas ambientais (aquecimento global) são discutidos. Enfim, uma possibilidade muito boa de trabalho.
Diante de tantos livros que prometem muito e oferecem pouco, esta leitura despretensiosa é garantia de aprendizado, diversão e lazer para os pequenos e grandinhos!


Para ver o livro:
https://youtu.be/ZQIOCxxMbBM







Projeto de Aprendizagem


Um projeto de prevenção, ecologia e  conscientização da população: Projeto Próxima Parada, Xô Água Parada. Através de pesquisa junto à comunidade escolar no entorno da escola uma pesquisa foi realizada para identificar o nível de conhecimento sobre prevenção/combate ao mosquito Aedes aegypti.

A culminância do projeto ocorreu com a visitação das turmas da escola aos resultados do projeto, bem como apresentação dos banners por alunos das turmas envolvidas. Os alunos também desenvolveram folders para distribuição na comunidade escolar. Tudo feito a muitas mãos, com muita responsabilidade e valor social.


 Neste projeto, além da conscientização sobre a prevenção/ combate ao mosquito e doenças que transmite, os alunos tiveram a percepção de como sua comunidade precisa de informação para se proteger.


 

Identidade Local


 Na Interdisciplina Representação do Mundo pelos Estudos Sociais, o desafio da semana foi construir uma narrativa em vídeo sobre identidade local. Baseada em uma produção anterior com dados históricos, o vídeo gravado na Hidráulica do Moinhos de Vento (DMAE).
A escolha do local foi por um motivo muito especial: no dia da chegada das estátuas, meu marido filmou a colocação da última estátua. Uma operação muito delicada que exigiu uma logística bem organizada para lidar com esculturas tão importantes.
Mas vamos falar um pouco sobre elas! O conjunto escultórico mais antigo de Porto Alegre, que representa o Guaíba e seus Afluentes, foi transferido da Praça São Sebastião,ao lado do Colégio Rosário, para os jardins da Hidráulica Moinhos de Vento do Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae). Formado por quatro estátuas, sendo duas figuras femininas que simbolizam os rios Caí e Sinos, popularmente conhecidas como Ninfas, e duas masculinas, os rios Jacuí e Gravataí, também chamados de Netunos, o grupo inicial incluía uma quinta estátua, simbolizando o Lago Guaíba através da figura de um menino.
Esta estátua está desaparecida desde 1924, quando o conjunto foi vendido a uma marmoraria para ser transformado em pó, o que só foi impedido graças a uma movimentação popular para sua preservação. As cinco peças foram recompradas, mas a representação do Guaíba não mais integrava o grupo quando os Afluentes foram colocados na Praça Dom Sebastião, em 1936.
Nos últimos anos as estátuas sofreram um acentuado processo de degradação, causada por atos de vandalismo, além de terem sofrido pela ação do tempo. Braços e narizes foram quebrados e marcas indicam terem sido usadas como alvo de pedras e garrafas. Após a transferência para os jardins da Hidráulica, as estátuas foram limpas e recuperadas.
Na ETA existe também um belíssimo jardim e a arquitetura do prédio e jardins são um espetáculo à parte. Muitas escolas visitam a ETA para conhecer o tratamento e há um trabalho de educação ambiental, bem como uma galeria de arte. Enfim, um lugar que cativa, pela beleza e importância.

REFERÊNCIA:
SILVA, Priscila. A fotografia como recurso na educação para a cidadania. CONFERÊNCIA BRASILEIRA DE MÍDIA CIDADÃ, 5. Anais.... Disponível em: <http://www.unicentro.br/redemc/2009/03%20midia_cidada_paper_kalink.pdf> Acesso em: 20 set. 2016.





















domingo, 25 de dezembro de 2016

Coisa de Criança


Na disciplina Representação do Mundo pelas Ciências Naturais fizemos uma atividade sobre os questionamentos das crianças. Deveríamos anotar perguntas feitas por crianças e suas respostas. Foi muito interessante observar a coletânea de perguntas das colegas e os caminhos que as crianças percorrem para resolver suas questões. Muitas vezes as perguntas das crianças nos surpreendem pelo teor de preocupação que não esperávamos em determinada faixa etária. Noutras, as perguntas nos surpreendem por nos questionarem sobre coisas que não havíamos nunca nos questionado. O que a disciplina nos desafiou a ver, e observar, foi que as perguntas das crianças buscam as respostas de funcionamento do mundo. Querem saber como e por quê as coisas são como são. Na verdade, todos queremos. Todos tivemos essas curiosidades, mas em algum momento da vida nossa curiosidade vai diminuindo, ou cansamos de tentar saber sobre tudo. Ao realizar a atividade lembrei de uma leitura muito linda: Casa das Estrelas (Javier Naranjo). A leitura nos mostra um apanhado de conceitos sobre diversas questões da vida formulados por crianças entre 3 e 10 anos de idade. Durante mais de dez anos o professor Javier Naranjo guardou as definições que seus alunos do curso primário davam para palavras, objetos, pessoas e, principalmente sentimentos, em suas aulas de espanhol. As definições surpreendem, não por serem feitas por crianças, mas por nos oferecerem visões inusitadas de conceitos que já temos estabelecidos na vida adulta. Sob meu ponto de vista, não é um livro para crianças, é um livro para adultos repensarem seus conceitos, traçarem novos modos de ver a vida. Também é um livro para nos lembrarmos de quando buscávamos nossas explicações, de acordo com nossas vivências, não de acordo com o que já é estabelecido pela sociedade/cultura/ciência. Enfim, na nossa coletânea de perguntas de sala de aula ou no livro casa das estrelas, as crianças nos oferecem o desafio de enfrentar a vida com simplicidade e singeleza.

Imagens: http://noticias.universia.com.br/destaque/noticia/2013/05/27/1026296/escritor-conta-dicionario-criancas-colombianas-deve-ganhar-em-breve-verso-em-portugues.html


Tempos difíceis

Normalmente tenho uma visão otimista da vida e do futuro. Prefiro pensar assim, criar expectativas reais e que possam ser alcançadas. Fazer planos, ter sonhos e tentar realiza-los. No entanto, depois de um tempo em que avançamos bastante nas questões sociais do Brasil, temos um forte indício de que estagnaremos (ou pior), retrocederemos.
Foi votada e aprovada a PEC 241, também chamada de PEC da Morte, ou PEC do fim do Mundo. PEC significa Proposta de Emenda Constitucional. Uma "proposta" que, praticamente, nos foi imposta. Uma emenda que, diferentemente da vida prática, não nos aumenta em nada as perspectivas ou benefícios. O projeto, que estabelece limite para gastos públicos pelos próximos 20 anos, começa a valer a partir de 2017. No caso das áreas de saúde e educação, as mudanças só passariam a valer após 2018. Repetindo: LIMITA GASTOS PÚBLICOS COM SAÚDE E EDUCAÇÃO!!! Não nos soa, de jeito algum, positivamente uma proposta dessas!
Depois de tantos avanços sociais que tivemos, a passos lentos, entraremos em tempos que não sabemos o que esperar. Me preocupo com o futuro, com o meu futuro, dos meus filhos, familiares alunos, enfim, de toda população. Sinto que a camada mais necessitada da população continuará a pagar o preço mais alto de todas essas propostas, que os tempos futuros serão de dificuldades que nem sei mensurar no momento.
Normalmente tenho uma visão otimista do futuro. Agora não.


FECHADA PARA BALANÇO!

Seria muito bom colocar este anúncio em todos os meios de comunicação que me rodeiam. No email, nas redes sociais, nos telefones e até nas correspondências postais. Precisaria tanto, mas tanto mesmo, desligar um pouco de tudo e todos. Ficar no vácuo por um tempo, sem receber notícias ou notificações, sem me preocupar com a guerra na Síria, sem ver as notícias locais e internacionais, sem nem receber os 10850 "Bom Dia!" dos grupos de watsapp. Parece contraditório que nos dias de hoje este seja um feito, singelo e sincero, que desejo um dia poder realizar. Claro que por pouco tempo, o tempo suficiente de sentir falta das atualizações. O tempo suficiente de sentir a necessidade de estar online e conectada com o mundo. Sim, com o mundo...estamos sem fronteiras. As notícias nos chegam de toda parte, de terras distantes e realidades diversas, mas que nos afetam. Ao ouvirmos certas notícias, nos abalamos, nos sensibilizamos, nos preocupamos e abismamos diante da estupidez humana.
Minha necessidade de desconectar seria uma utopia. Talvez eu mesma seja incapaz de realizar tal façanha. Talvez deseje somente por desejar, imaginando que tivesse momentos de felicidade sob este efeito. Aquele nosso velho costume de almejar o impossível, ou algo que não temos no momento.
O fato é que estou um pouco sobrecarregada. Sob forte carga de estímulos. E duvido que as pessoas ao meu redor não se sintam assim também. Tenho dúvidas se toda essa conectividade nos trouxe proximidade ou distanciamento. Quantas vezes vejo familiares, em público, olhando para os celulares e se esquecendo dos filhos ao lado. Quantas vezes damos boa noite às pessoas conectadas e não damos para quem está dentro de nossos lares. Quantas vezes deixaremos o tempo passar na frente da tela e esqueceremos que a vida corre lá fora.
Sim, temos compromissos e atividades que requerem nossa ligação com o mundo. Eu sei, até agora minha escrita foi utópica e controversa, mas reflito sobre isso muitas vezes. Não somente hoje, no dia de Natal, mas em muitos momentos da minha vida. Em muitos momentos da sala de aula, em muitos momentos da vida pessoal e profissional.
Enfim, o tempo corre, voa, se esvai. Deixamos as coisas acontecerem e nos arrependemos depois. Mas temos que seguir, com ressentimentos ou não, com atenção ou não, com foco nas prioridades...ou não. Simplesmente seguimos. E não fechamos para balanço!

Avaliando, reavaliando!

Semana de conselhos de classe. Conceitos, pareceres e avaliações finais. Aquela correira que, todos sabemos, envolve o final de ano letivo nas escolas. 
Aprovações e reprovações, progressões ou manutenções. Independentemente do nome ou do tipo de avaliação das escolas, avaliar é sempre uma tarefa que exige muito dos professores. Não é somente um trabalho braçal de preparo de avaliações e trabalhos e suas correções. É, sim, um trabalho mental exaustivo e que requer, acima de tudo, foco na evolução do aluno, seu aprendizado e seu crescimento.
Avaliamos nossos alunos e temos, sempre, um olho também nos avaliando. Este olhar que é nosso, somente nosso, avaliando nosso trabalho que se espelha no desempenho das crianças. Exigimos tanto deles, queremos ter o seu melhor, quando na verdade queremos extrair isso de nós mesmos. O aluno que não tem um bom aproveitamento é, para nós, uma grande tristeza e desafio. Queremos que todos possam usufruir do aprendizado e ter um bom rendimento.
Avaliamos, além de notas e conceitos, as histórias de vida e a evolução dos alunos. Suas atitudes, seus aprendizados, sua capacidade de ser autônomo e responsável. Enfim, tudo o que a educação pode trazer de melhor para o ser humano: independência e conhecimento. 
Na avaliação dos alunos, nos avaliamos e reavaliamos nosso trabalho e os aproveitamentos  de cada aprendiz. É importante nosso olhar atento à reavaliação, sempre. Ser capaz de se olhar, olhar para trás e ver o que éramos antes e o que somos agora. Objetividade, nesta hora, talvez não seja o melhor. Subjetivamente temos um olhar voltado para o TODO do aluno. 
Ótimas reavaliações para todos!

sábado, 24 de dezembro de 2016

Não consigo me desprender. Mas será que preciso?

Tenho observado que minha postura diante das atividades da Interdisciplina Representação do Mundo pela Matemática estão muito ligadas às aulas de Ciências. Nas propostas de atividades da disciplina a adaptação para nossa sala de aula e alunos é um verdadeiro desafio. Inserir os conceitos matemáticos em nosso cotidiano, que muitas vezes já está bem estabelecido) é um pouco desestruturador.
O desfio da semama era pensar em atividades que trabalhassem conceitos envolvidos na temática Espaço e Forma.
Em Ciências algumas atividades me ocorrem, neste momento, que são requisitadas as habilidades de localização espacial e geometria. Quando trabalhamos os conceitos de cadeias e teias alimentares, os alunos precisam reconhecer no emaranhado de transferências de energia, quais seres vivos são produtores, consumidores primários, secundários, etc. Nestes conceitos, além de ser necessário o conceito de cada nível trófico, precisam ter a percepção de localização de cada ser vivo, e com isso, a indicação de seu papel na teia apresentada.
Outro momento que me recordo é através da aplicação de um exercício que demonstra a montagem de um esqueleto humano. Nesta atividade, precisam reconhecer quais ossos constituem o lado direito e esquerdo do corpo. 
Uma das experiências que envolviam o espaço, que já fiz com alunos, foi um coração animado. Através do estudo do sistema cardiovascular, os alunos foram divididos em grupos de "sangue rico em oxigênio" e "sangue rico em gás carbônico". Nesta divisão, deveriam identificar, num coração desenhado no chão, onde deveriam se localizar. À medida que a circulação iniciava e progredia, deveriam ir se reposicionando. Carregavam plaquinhas que os identificava. No entanto, à medida que a circulação evoluía, o sangue também se modificava, pois ocorre a utilização do oxigênio pelo organismo, em como renovação do sangue nos pulmões. Então, nestes locais, precisavam estar atentos para alterar o lado da sua plaquinha, indicando a mudança do tipo de sangue. Uma atividade dinâmica em ciências, envolvendo a localização espacial e a dinâmica da circulação sanguínea.
Não sei se estou na direção correta de minha formação ao adaptar as atividades desta maneira. No entanto, é o que eu faço. Será que preciso me abster dos conceitos de Ciências para trabalhar os conceitos matemáticos? Será que preciso?

Nada será como antes, mas sempre será!


Era para ser um trabalho da Interdisciplina Representação do Mundo pelos Estudos Sociais, mas tornou-se uma jornada interna aos sentimentos. Nossas memórias e guardados, nossos registros de momentos, nossas ideias e pensamentos ficam, muitas vezes, esquecidos num lugar que não sabemos identificar. Temos a certeza de poder retornar a este lugar e reviver tudo, mesmo que por lembranças, mas não praticamos este exercício de reflexão e autoconhecimento. Mas para fazer o mencionado trabalho, pratiquei. E foi muito bom!
Para iniciar a escrita foi necessário, primeiramente, repensar que registros eu tinha da minha caminhada como professora. Iniciei revendo fotos bem antigas, da primeira turma. Foi em 2005. Aprendendo a cada dia com aquelas turmas que foram verdadeiros desafios, não por suas atitudes ou questionamentos, mas por minha inexperiência docente. Nem imaginam quanto me ensinaram! E com esta primeira turma estava também meu primeiro celular com câmera. Antes do celular, não tinha nenhum registro meu com alunos. Então, para dar continuidade ao trabalho pensei em fazer uma retrospectiva. Logo mudei de ideia porque percebi, que ao observar minhas fotos antigas, a intenção das fotos era diferente das fotos que temos hoje. Por isso, selecionei fotos de 2005 e de 2015.

Neste intervalo de década, muitas coisas mudaram. As câmeras evoluíram, os celulares ficaram mais potentes. Rapidamente se obtém uma fotografia de alta qualidade, se observa em uma tela de boa definição e se pode compartilhar ou arquivar a foto. Não somente estas características mudaram, como minha relação com as fotografias de celular. Os momentos registrados ou as intenções de registro se alteraram. Nossa perspectiva com as fotografias mudou. Registrar para ver depois, relembrar depois, não é mais como era há uma década atrás.
Nas fotografias de 2005, notoriamente em qualidade inferior às fotos atuais, predominavam registros de momentos escolares mais específicos: especiais, eventos, atividades diferenciadas da rotina. As fotos atuais carregam um conteúdo quase de registro diário, talvez uma ânsia de manter cada momento eterno nas fotografias. Perdi o pudor de registrar, aumentei o repertório de “interesses” fotográficos e tornei a câmera uma espécie de HD externo da mente. Mesmo registrando tanto, não costumo revisitar estes registros. Sei que estão salvos nos arquivos. Sei que se precisar recordar, basta ir na data desejada e encontrar o registro.
Uma possibilidade de aprendizagem ou manipulação? Os dois! Revisitar os fatos possibilita a aprendizagem e a reflexão. Notei que minha postura era diferente, lembrei de como eu pensava diferente. Rever aqueles momentos traz de volta, na memória, os sons, cheiros e pensamentos que tinha no momento da fotografia. Não registrava banalidades ou registros de “vou fotografar, pois posso precisar desta informação depois”. Fotografava para ter um registro de um momento importante, algo que estava fora dos momentos habituais e que merecia um registro. Ainda carregava comigo o pudor das máquinas fotográficas com filme, quando registrávamos com muito cuidado os momentos que caberiam nas 12/24/36 poses.
Nas fotos atuais o viés “para recordar” existe em menor intensidade. Predomina “vou usar depois, vou compartilhar, vou mostrar”. Neste sentido a manipulação da memória se encarrega de demonstrar que a perspectiva de registros mudou bastante. Os momentos fotografados são sim registros para lembrar, mas (muito mais) para mostrar, testemunhar, ter para ver depois, compartilhar.
Os nossos hábitos mudam, as coisas que nos rodeiam mudam, e nossa impotência diante do tempo e do espaço permanecem. No entanto, o que foi (o que vivemos), permanece, fica. O que aconteceu, o que éramos, para sempre será!

Referência:
FELIZARDO, Adair; SAMAIN, Etienne. A fotografia como objeto e recurso de memória. Discursos fotográficos. Londrina, v.3, n.3, p.205-220, 2007. Disponível em: <http://www.uel.br/revistas/uel/index.php/discursosfotograficos/article/view/1500/1246> Acesso em: 20 set. 2016.


domingo, 11 de dezembro de 2016

Correndo para viver, vivendo para correr!


Faz pouco tempo que descobri um novo amor na vida. Um amor que chegou e abalou meus conceitos sobre exercício físico. Sacudiu meus hormônios, meus neurônios, meus músculos e nervos. Me tirou da inércia e deslocou, além de meu corpo por diversos quilômetros, minha mente. 
Mas o que um texto que inicia assim pode ter de relação com os aprendizados do PEAd?  
Quando começamos a correr, ou quando iniciamos uma corrida, o primeiro pensamento que nos vem é "o que estou fazendo aqui, de novo?", "parece que não aprendo, que teimosia!" e um mais dramático "não vou conseguir". Com o tempo e com o aquecimento, a dificuldade inicial é superada e inicia-se uma fase de puro deleite. O vento que bate no corpo suado alegra até a alma mais resistente e o músculo aquecido responde com uma eficiência de dar gosto. Depois de um tempo o entusiasmo inicial diminui, conseqüência do cansaço físico. nessas horas o cérebro manda mensagens de "dá uma paradinha, que mal há?" ou então "chega, você já está cansada demais, para que isso?" Nessa hora é importante ocupar a mente, contar a freqüência respiratória, imaginar locais no caminho que deseja alcançar, focar em algum corredor que esteja à frente e tentar alcançar, etc.Com tantos exercícios mentais a dificuldade que estava tomando conta some e inicia uma nova fase: o entusiasmo do final. Vai chegando a quilometragem almejada e uma mensagem de "falta pouco, prossiga" faz qualquer falta de estímulo sumir. E assim completamos os treinos semanais, as quilometragens desejadas, as provas de rua e os desafios pessoais que travamos. Assim, o que parece um martírio para quem vê externamente, é na verdade, um processo de grandes benefícios para quem pratica.
Quando pensei em escrever este texto, pensei nas analogias que a corrida tem com minhas atividades como professora e como aluna. Sim, ser professora e acadêmica de Pedagogia mexe com os músculos e nervos também! É preciso muita força e nervos de aço para suportar os desafios que se apresentam!
Quando iniciamos mais um ano letivo ou um novo semestre, o pensamento de "o que estou fazendo aqui, de novo?" sempre surge. As expectativas nos trazem também ansiedade e pensamos que não gostamos do que está acontecendo, mas logo tudo muda. Os alunos são conhecidos, as disciplinas são desvendadas e logo compreendemos a razão de ali estarmos novamente: reclamamos, mas gostamos muito do que fazemos!
Não demora muito e as dificuldade surgem: falta de tempo, dificuldades das disciplinas, alunos indisciplinados ou com dificuldades, planejamentos que não conseguimos concluir, etc Com isso um desânimo nos assombra e precisamos ser fortes para superar e prosseguir. À medida que isso acontece, vamos nos aproximando dos nossos objetivos iniciais e o ânimo retorna. A proximidade do final, do aprendizado, da superação nos dá um empurrãozinho a mais para completar a nossa "corrida".
E assim, findamos os semestres e anos letivos: cansadas, exaustas, aparentemente desgostosas do que fazemos, mas na verdade temos uma satisfação que só quem trabalha com Educação compreende. Superar os limites internos e ver outros superando limites com nosso auxílio é prêmio dos mais valiosos. É primeiro lugar no pódio, é o "melhor tempo", é a corrida perfeita.
Enfim, neste semestre retomei minha atividade física. Com menos tempo ainda (pois agora tenho mais um bebê), preciso de mais organização para concluir minhas atividades, cumprir minha rotina de trabalho, conciliar minha vida pessoal e profissional. Algumas coisas andam "penduradas por aí, confesso, mas assim estão por necessidade ou por opção de priorizar outros momentos da vida. Espero ser justa neste balaço tempo/prioridade. O tempo corre e não volta. 
Boa corrida pra você também!




domingo, 23 de outubro de 2016

Inspirando Meninas, empoderando Mulheres

Hoje encontrei uma notícia. Se é uma novidade, não sei ao certo. Mas para mim foi! 
Com muito medo de me tornar repetitiva neste espaço e temática, mais uma vez retorno ao ponto da desigualdade de gêneros. E as mulheres, com todo seu poder e inteligência, são colocadas em lugares inferiores aos homens. E as meninas que crescem vendo esta desigualdade, entendem que, por mais que façam, serão sempre "apenas menininhas". 

As meninas devem deixar de ser "menininhas"? De maneira alguma. Todas os adjetivos que atribuem às "meninas" podem ser usados, desde que não as inferiorize ou desqualifique. São bonitas e vaidosas (mas não são somente isso), verdadeiras "flores em nossos jardins" (mas não são frágeis e indefesas), princesinhas que gostam de cor-de-rosa e lilás (podem gostar da cor que quiserem e não estão à espera de príncipes), "devem se comportar como uma menina" (desde que este comportamento abranja tudo o que ela desejar fazer, sem impedimentos por ser uma menina). Enfim, as "qualificações" são diversas e infinitas.
No site  http://www.garotasgeeks.com/livros-infantis-mostram-mulheres-que-fizeram-historia-na-ciencia-e-inspiram-meninas/ há informação sobre uma coleção de livros que trata de mulheres de todos os períodos que fizeram grandes descobertas e foram importantes para a ciência, falando sobre sua história e seu trabalho.
O objetivo é desconstruir a velha concepção de que a Ciência é masculina. Muitas mulheres fazem/ fizeram a Ciência. Muitas, ainda (mesmo), permanecem sob os nomes de seus colegas de pesquisa. 
Podemos querer ser princesas e pesquisadoras, ou não ser nada disso. O importante é que as mulheres POSSAM escolher seus caminhos, traçar suas histórias de acordo com seus desejos e que NENHUMA atividade seja "demais" para uma menina.

No tempo que não temos!

Formalmente trabalhamos com o tempo em sala de aula como uma questão estipulada em que nos enquadramos e assim, também, nossos alunos. Sim, temos conteúdos para “vencer”, temos uma lista de conhecimentos que constituem determinada fase da escolarização que nos obrigam a cumprir uma espécie de meta, uma etapa a ser cumprida, um degrau a ser alcançado por nós e pelos alunos. Ao mesmo tempo, lidamos com a sala de aula que não parece entender este tempo que tentamos enquadrá-la. A sala de aula a que me refiro é o conjunto de alunos, suas histórias, os conflitos, as dificuldades e as relações interpessoais ali estabelecidas. Mesmo que tenhamos nossa velha prática de enquadramento do tempo/pessoas, as linearidades não nos permitem atuar dessa maneira pré-moldada que a “lista de conteúdos” nos demanda/ solicita.
Por vezes, uma turma precisa desenvolver outras habilidades que não se enquadram nos nossos planejamentos prévios, nas “listas” que planejamos nas reuniões de planejamento das disciplinas. Por vezes, conflitos que surgem precisam de uma intervenção diferente da pensada “aula tradicional”. Muitas vezes, o currículo oculto tem sua voz muito mais evidente, e as atividades ditas “sem valor pedagógico” (vistas externamente) acrescentam muito mais riqueza de aprendizado.
As necessidades não se enquadram, as pessoas não se enquadram. Os comportamentos não são líquidos e não se acomodam facilmente em qualquer modelo recipiente que tentemos contê-los.


sexta-feira, 14 de outubro de 2016

Nosso Currículo de cada dia

Na escola o currículo ainda existe. É bom que exista? É necessário? Abrange nossas necessidades atuais na escola? São muitas as questões de discussão sobre ele, seu significado e a repercussão de segui-lo formalmente ou não em nossas práticas.
Hoje a vivência demosntrou que o currículo existe e que pode se mostrar de outras formas. Nesta minha caminhada como professora ouvi um experiente colega falando sobre o "currículo oculto". Estava vivenciando um desses momentos em que o currículo oculto explicita toda sua importância e não havia percebido como isso poderia ser importante nas minhas aprendizagens.
Era um torneio na escola, comemorativo ao Dia das Crianças. Professores de Educação Física engajados em organizar tudo, confeccionar medalhas, formar times, recrutar os jogadores. Os professores das outras disciplinas, hoje, participaram auxiliando na boa convivência da torcida, no socorro dos feridos, na organização das turmas...e na aproximação do aluno em um ambiente em que não estamos acostumados. Ali sentados observando tudo, vimos nossos alunos em outra perspectiva, em outra atuação. "Aquele bagunceiro, olha como ele está participando!" "Estamos fazendo algo errado, olha como o aluno está engajado! Não dá para querer ensinar para ele, ele gosta de estar assim, ativo!"
Nestas falas e observando tudo, ouvindo sobre o currículo oculto, percebi que o papel daquele momento ia além do Torneio Comemorativo. Estávamos vendo a capacidade dos alunos em socializar todas nossas práticas de sala de aula. Víamos na conduta deles que aquele momento era, mais do que um jogo, era um momento de aprender também. As vozes do currículo oculto, os resgates que observamos nos pequenos detalhes e as mudanças de atitudes que significam mudanças de vidas estão ali, diante de nossos olhares e atrelados às nossas práticas
Observando o aluno que em sala de aula é inquieto, indisciplinado, desafiador e pouco acessível à práticas pedagógicas em plena atividade na partida de handeball, auxiliando o professor na marcação de pontos e faltas, percebemos que nossos conceitos sobre sua aprendizagem estão limitados. Ele está sim desfrutando os saberes da escola. Sim, há importância em nosso trabalho em sua vida (mesmo que, diariamente nos perguntemos "o que ele vem fazer na escola"? Há mudanças em sua vida nas atividades que vivencia no ambiente escolar. 
O currículo oculto, não é oculto apenas aos alunos, aos professores (muitas vezes) também é!

quarta-feira, 28 de setembro de 2016

Há um modo de voar dentro da gaiola?

Na leitura da semana "Gaiolas ou asas?", Rubem Alves nos surpreende, como sempre, com suas ideias inesperadas sobre a vida, sobre a educação e os sentimentos que todos temos e não sabemos descrevrer tão bem quanto ele. No texto, seu aforismo Há escolas que são gaiolas. Há escolas que são asas” nasceu de um momento com professoras de ensino médio de escolas de periferia. Nesta conversa angustiante para ele, percebeu que a docência para estes mestres tornara-se um martírio. Sofreu com isso. Neste sentimento, o dueto “gaiolas/ asas” lhe pareceu muito significante para retratar uma situação comum na educação: o desgaste do amor pela profissão, decornte das implicações diárias que vivemos. Nossa ideologia “lá de antigamente” adormece, às vezes desperta, e temos saltos de alegria em atuar na educação. Mas, muitas vezes, sentimos que estamos mesmo em escolas gaiolas, tanto gaiolas para os alunos como para os professores. Por vezes as gaiolas se tornam jaulas, como também nos descreveu o autor, cercados por leões ferozes (ou vorazes de alguma coisa que não compreendemos, além de fome?)
Talvez eu pareça contraditória ao expor minha opinião sobre o que penso sobre Rubem Alves, e consequentemente, se concordo ou discordo de seu entendimento de educação.Maravilho-me a cada novo aprendizado com ele. Dos poucos contatos que tive, em cada palavra sua sente-se a verdade do que acredita e defende: a possibilidade de uma Educação livre. 
Quando penso nas escolas gaiolas, penso nas escolas em formato tradicional, que seguem os conteúdos de cada ano escolar e cumprem seu papel educacional de maneira a ofertar aos alunos o conhecimento. Quando penso em escolas asas, penso em escolas que ofereçam a possibilidade de aprender os mesmos conteúdos de uma outra forma. Mas a “outra forma” é que não me convence. Ou não a conheço. Ou a idealizo demais, por isso me amedronto em defender.
Corremos, em nossos cotidianos, atrás de escolas que tenham bons índices de aprovação, que tenham índices altos de aproveitamento, que tenham a desejada “educação de excelência”. Ser uma escola gaiola, será, não é também dar asas?
Há pouco tempo falei para meus alunos em sala que o melhor presente que poderiam me dar seria, depois de alguns anos, retornarem na escola e me encontrarem lá ainda trabalhando. Nesta visita, que me mostrassem como puderam alçar os próprios voos, distantes de uma realidade dificultosa que vivem. Que entendessem que meu desejo não era vê-los “passar de ano”, era vê-los passar pela vida construindo suas vidas. Explico a eles também que aprender e crescer é como construir uma casa: aos poucos, peça por peça. Tijolo por tijolo...se deixar de colocar tijolos a construção fica frágil. E às vezes, precisamos demolir uma parte e reconstruir tudo, às custas de muito esforço. Que não adianta colocar o telhado na casa sem paredes sólidas. Os ventos podem ser fortes e levar todo o telhado, além de derrubar as paredes. Assim me observam falar sobre a importância de estudar, de aprender, de ter curiosidade e espírito de busca. De ter planos de vida, de ter objetivos e sonhos. 
Desde o básico (frequência escolar) até o desejado (autonomia), o que buscamos na escola é o crescimento dos alunos. Mas depois de “Gaiolas ou Asas?” me questiono se buscamos, na verdade, o voo dos alunos.


REFERÊNCIA
ALVES, Rubem. Gaiolas ou asas?

In: ALVES, Rubem. Por uma educação romântica. Campinas: Papirus, 2002, p. 29-32.

quinta-feira, 22 de setembro de 2016

Reiniciando um Novo Tempo

Sempre que temos um reinício, um retorno, sentimos que há novos caminhos para seguir. Mesmo que já conheçamos as trilhas, os rumos, os passos e olhares estão diferentes. O afastamento nos oferece uma oportunidade de reavaliar e questionar tudo sob outro enfoque. Assim, retorno para o curso PEAD, eixo IV. Acolhida com muito carinho pelas colegas, professoras e tutoras, me sinto num ambiente muito propício para a troca e crescimento.
No quadro, orientações. Nas palavras, encorajamento. 
"Tempo é questão de prioridade", lá estava escrito e discutido. E quando temos muitas prioridades? E quando não acalmamos nosso olhar em busca de novos desafios? Aí surgem mais prioridades.
Neste eixo que se inicia, as escritas foram refletidas. Em grupos, retomamos nossas ideias dos documentos de avaliação e nas trocas observamos que pensamos, muitas, da mesma forma. 
"Essas ideias que você pensa ter tido, já estiveram na cabeça de outro indivíduo", canta Paula Toller mencionada na aula de hoje. Assim, vamos pensar em nossas ideias de maneira diferente. E pensar com muita atenção para detectar se já não são ideias de "outro indivíduo".
Catarina, minha nova companheira de aventuras, me acompanhando na aula e ganhando a oportunidade de uma nova perspectiva. Cheia de atenções e atenta a tudo o que via.


Quadro do dia: orientações e desafios.

terça-feira, 19 de julho de 2016

Escola sem Partido

Este é o último post do semestre. Não foi um semestre fácil. Tive alguns contratempos pessoais que me fizeram ficar "fora do ar" por alguns momentos. Um puerpério diferente dos que já passei, uma sobrecarga física e psicológica (que sempre soube que enfrentaria, não reclamo) que me atrasaram um pouco. Tentei manter a qualidade das escritas, sempre voltando às questões pertinentes das aprendizagens do semestre, mas também ressaltando algumas questões que nos cercaram no semestre.
Nossa presidente sofre um processo de impeachment, uma menina sofre um estupro coletivo, escolas são ocupadas e um projeto muito perturbador tenta se instaurar na educação:  o projeto Escola sem Partido, que alega combater a doutrinação de esquerda nas escolas e defender uma educação supostamente neutra. Neutra? Ora...
http://jornalggn.com.br/noticia/escola-sem-censura-contra-o-cerceamento-da-sem-partido
O projeto de Lei 193, de 2016, está em tramitação. Liderado pelo advogado Miguel Nagib, uma de suas iniciativas é a divulgação de anteprojetos de lei estadual e municipal, que buscam legislar sobre o que é ou não permitido ao professor debater dentro de sala de aula. A medida tem sido interpretada por educadores e diversos formadores de opinião como sendo uma ofensiva conservadora voltada ao sufocamento de ideologias divergentes no universo da formação educacional.
A “lei da mordaça”, como vem sendo chamada, além de institucionalizar uma visão reacionária da sociedade e das relações sociais que é tida como o ideal, enquadra o pensamento crítico nas escolas, tomando como padrão a leitura conservadora do mundo. Assim, também, subestima a capacidade dos alunos de ter suas opiniões críticas frente ao que os professores tratam em sala de aula. Enfim, um programa que tolhe, de todas as maneiras, toda a construção que estamos lutando, há tempos, estabelecer na Educação Brasileira. 
Um "meme" que ironiza a "neutralidade" da proposta da escola sem partido.
 http://www.controversia.com.br/blog/2016/07/09/polemico-projeto-do-escola-sem-partido-tramita-em-5-estados-8-capitais-e-df/
“A escola e a universidade devem falar sobre gênero, sexualidade, política, filosofia, sobre história, ideias, ideologias e doutrinas de todo tipo, e isso precisa ser visto como algo positivo, não como um perigo. É preciso que isso seja feito apresentando diversas opiniões e educando os alunos para que possam fazer uma leitura crítica de todas as ideias que lhe são apresentadas. Precisamos ter uma escola com todos os partidos, com democracia, com diversidade, com curiosidade pelo saber, pela informação, pela pesquisa, pelo debate, pela leitura crítica do mundo — e, sobretudo, uma escola com muita liberdade”, considera o parlamentar, um dos críticos ferrenhos da proposta (Jean Wyllys ,PSOL-RJ).www.brasildefato.com.br/2016/07/18/projeto-escola-sem-partido-e-uma-ode-ao-atraso-diz-professor/
Entre tantos desapontamentos com a nossa Sociedade, entre tantas dificuldades vividas no semestre, fecho essas reflexões com meu descontentamento ao projeto. Abomino totalmente esta ideologia que tenta mascarar uma sociedade perfeita que sequer temos um rastro distante. Temos, sim, uma longa caminhada na formação de uma sociedade crítica e autônoma, capaz de considerar as próprias opiniões sem influências de dominações.



Era uma vez...

Nas histórias de fadas e princesas, dragões, bruxas e caçadores, crescemos e repetimos através das gerações os contos dos conhecidos Contos de Fadas. Muito se discute sobre as ideias implícitas que eles carregam, nos preconceitos ou até mesmo nas questões de gênero. Discutimos tanto, hoje em dia, sobre tudo. Todos temos pontos a defender, a lutar contra, a opinar e sustentar argumentos que, muitas vezes, nem nos abalam.

O Conto de fadas, por si só, nos oferece uma gama de encantamentos. Não é a toa que são contos passados de geração após geração. De autorias múltiplas e contados ao longo dos séculos, são enriquecidos e ganham elementos a medida que são passados. Não foram escritas sob a ótica de um único autor, com suas ideias fundamentadas no conto.
Utilizar o Conto de fadas para aproximar o aluno da leitura, é uma eficaz ferramenta. Traz, à leitura, uma finalidade prazerosa e não apenas a leitura pelo cumprimento de obrigações na escola ou no trabalho. Forma, assim, leitores para a vida toda. Os contos de fadas são primordiais para o ensino da leitura e da formação da criança, já que estes, são histórias que cativam os leitores de todas as idades. 
O maravilhoso dos contos de fadas faz com que aos poucos a magia, o fantástico, o imaginário deixem de ser vistos como pura fantasia para fazer parte da vida diária de cada um, inclusive dos adultos ao permitirem em muitos momentos se transportarem para este mundo mágico, onde a vida se torna mais leve e bem menos trabalhosa.O envolvimento com os Contos de fadas pode acontecer muito antes Educação Infantil, sendo os pais os responsáveis pelas primeiras caminhadas nestes caminhos encantados no mundo mágico da literatura infantil e assim, a criança conhecerá a realidade do mundo sem toda obscuridade nela presente, através da leitura dos contos de fadas. 
Nesta ótica de utilizar estes contos, acho importante avaliar, juntamente com as crianças, os desfechos dos clássicos. Questionar a possibilidade dos “felizes para sempre”, como podemos viver felizes apesar das batalhas do cotidiano e histórias de vida. Trabalhar a felicidade sob um espectro filosófico, não como um marco (tal qual observamos nos contos de fadas: a partir de um fato “foram felizes para sempre”), mas como uma construção embasada em momentos. Tenho este posicionamento porque avalio que tenhamos hoje a “busca pela felicidade eterna”. Buscamos experiências e bens materiais que possam nos nutrir com esta felicidade que buscamos tanto. Desde cedo as crianças percebem muito isso e, não raro, percebemos o apelo fortemente consumista da nossa sociedade atual. Tentamos prover a felicidade aos pequenos em troca do afeto que não pudemos dar, ou da nossa presença, ou até mesmo da nossa incapacidade de amar o outro.
No entanto, mesmo que me posicione sempre de maneira crítica, às vezes temos que nos entregar ao encantamento e usufruir das histórias, sem preocupações, sem análises. Apenas usufruir e imaginar. Ler além das letras.


Fontes: 



Mais Criatividade, menos Wi-Fi

"Por que os herdeiros do Vale do Silício, a meca tecnológica dos EUA, estudam longe do wi-fi
Se por um lado temos a Educação Digital como aposta dos novos tempos e estratégia de construção do conhecimento com as novas tecnologias disponíveis, por outro temos as apostas em escolas alternativas que abolem a utilização de novas tecnologias no ensino. As chamadas “escolas alternativas” priorizam habilidades como tomar decisões, criatividade e concentração, com propostas e currículos heterodoxos, que fogem da uniformidade, dos livros didáticos tradicionais e da divisão dos alunos por idades.
Assim são educados os herdeiros dos desenvolvedores dos tablets, jogos interativos e programas de computador para crianças. Escolhem essa metodologia de ensino, não pela ausência de tecnologia na sala de aula, mas pela filosofia de aprendizagem.


A busca por escolas que proporcionem a possibilidade de questionar, onde o professor não é o único protagonista, sem o livro texto como guia e sem memorizações é a diretriz dessas Escolas Alternativas.
Se aprende-se na interação, as novas tecnologias podem nos auxiliar muito. Por outro lado, também se questiona se este auxílio realmente nos oferecerá os resultados que buscamos. Não podemos nos cercar de tecnologias e não oportunizar as vivências e construções do conhecimento. E também não podemos proteger as crianças em escolas que sempre aceitem suas ideias e suas buscas, pois podem crescer com a ideia de um mundo que não existe: ideal.

Enfim, estamos buscando novos métodos, retornando a métodos antigos, reformulando e repensando nossas práticas. Estar apto e aberto a mudar é mais importante que só mudar para se adequar às novas demandas. Precisamos, sempre, questionar os caminhos.

Educação Digital

Linguagem de programação: o novo curso de idioma das escolas" (http://brasil.elpais.com/brasil/2016/07/14/politica/1468529337_842962.html)
Já se fala que essa geração já “nasceu sabendo usar o celular”. De fato, foram cercados pelos aparelhinhos desde muito cedo, natural que dominem sua linguagem e saibam manejar com destreza suas funções e aplicativos. Lembro quando meu filho do meio (nasceu em 2011) pegou meu celular (que na época não era um modelo touch screen) e começou a tocar na tela tentando acessar o conteúdo como se fosse possível assim. Viu as pessoas em outros celulares fazendo dessa maneira e tentou fazer igual. Eu me perguntava “já nasceu sabendo isso?”
Em São José dos Campos, uma escola da periferia (Escola municipal Elizabete de Paula Honorato) vem implementando um laboratório de robótica, games e realidade aumentada a pedido dos próprios alunos, com recursos levantados por meio do Projeto Escola Interativa, programa da prefeitura que tem como objetivo equipar as 119 escolas da rede com infraestrutura tecnológica. A iniciativa busca aproveitar o potencial econômico da cidade, que abriga um dos maiores parques tecnológicos do país, onde se localizam mais de 300 empresas e instituições do setor. Por meio do projeto, a escola já recebeu o kit de notebooks, tablets, projetores interativos e acesso a rede wi-fi, para que alunos e professores acessem o conteúdo de bibliotecas virtuais públicas no mundo todo.


Na cidade existe o Laboratório de Educação Digital e Interativa (Ledi), um projeto desenvolvido pela prefeitura que reúne, em um prédio exclusivo no centro, atividades de computação, programação, audiovisuais e robótica. O centro é aberto para a comunidade e para os 60 mil alunos da rede de ensino, e oferece aulas gratuitas de programação e oficinas de computação. A tecnologia está presente na vida dos jovens e já mudou a forma como os alunos interagem e aprendem em sala. Nada mais razoável do que incentivar essas habilidades e aproveitá-las em um modelo de ensino que se torna cada vez mais multidisciplinar", afirma o vice-diretor da escola Elizabete Honorato, Pablo Jacinto de Oliveira. "As escolas precisam se adaptar às novas demandas de ensino, treinando professores e abrindo oportunidades de aprendizado com ferramentas interativas. Não apenas por causa do mercado de trabalho, mas também porque os alunos se sentem mais motivados quando utilizamos ferramentas que já fazem parte do dia a dia deles", complementa.
Se por um lado temos, em muitas escolas, normas rígidas quanto ao uso do celular em sala de aula, por outro lado temos escolas que o utilizam como ferramenta importante no aprendizado. Não podemos, claro, permitir que seja utilizado sem limites e sem objetivos, pois garante grande distração entre todos que o utilizam (crianças, jovens e adultos). Mas podemos ter no celular, nos tablets e no acesso wi-fi uma gama de ferramentas que auxiliem muito o aprendizado. O ensino de linguagem de programação nas escolas permite que os alunos criem jogos e páginas, as quais podem ter conteúdos de pesquisa e que garantem uma busca seletiva de informações para as construções. Já nos jogos, a lógica é altamente estimulada e presente na formulação dos desafios que apresenta.
Estamos, sem dúvida, em tempos de fronteira. Onde teremos extremos ou novos caminhos para trilhar. Mais que isso, é importante que não estejamos presos a antigas ideias e sejamos livres de preconceitos. Usar a tecnologia é muito atraente e temos, ao mesmo tempo que aceitar, saber os limites de seu uso na sala de aula.

segunda-feira, 18 de julho de 2016

A Música no seu Cérebro - A Ciência de uma Obsessão Humana

        Na leitura do capítulo "O Instinto Musical" do Livro A música no seu Cérebro (Daniel J Levitin, 2006), o papel da música em nosso cérebro é amplamente discutido, desde as bases cerebrais até os ritos comportamentais e vocalizações de outras espécies, além da humana.
O livro todo trata de uma experiência sensorial fascinante que somente a música pode nos proporcionar. Fala também sobre a evolução do cérebro e da música, paralelamente. O que um tem a ensinar ao outro.
        Na escrita de hoje, uma opinião bastante intrigante me chamou a atenção no livro. Um psicólogo e cientista cognitivo (Stevem Pinker) propõe que a música atue no cérebro como um cheesecake auditivo. Nesta proposta defende que a música atue "simplesmente estimulando várias partes importantes do cérebro de forma altamente agradável, como um cheesecake estimula o palato. Os humanos não desenvolveram em sua evolução o gosto por esse alimento, mas pelo açúcar e gordura  presentes neste que atuariam disparando centros de gratificação que nos oferecem prazer ao degustá-los. Assim o cientista também classifica a música: os nossos centro de prazer não sabem a diferença entre as fontes de prazer. A música atuaria como reforço de um comportamento adaptativo, presumivelmente a comunicação linguística.
        Em contrapartida, o autor do livro defende que a música atuou na evolução humana em diversos aspectos: ajuda a preparar a mente para complexas atividades cognitivas e sociais, exercitando o cérebro e deixando-o preparado para as exigências a que terá de responder na linguagem e na interação social. Na criança, por exemplo, em seus primeiros seis meses, a percepção infantil não lhe permite identificar a origem de um estímulo sensorial (a visão, audição e tato confundem-se em uma representação perceptiva unitária), vivendo em estado de total "esplendor psicodélico" (sem a ajuda de drogas, frisa o autor). Assim, as interações da criança que envolvem a música promovem um processo integrativo de alto nível que permitem a exploração da linguagem generativa pelos balbucios e mais tarde pelas produções linguísticas mais complexas.

        Nesta nossa caminhada na Educação, e esforços de muitas áreas para implementação da Música na Escola, os argumentos , sejam eles baseados na Evolução humana, sejam baseados na busca do prazer, fomentam sempre a instauração da música e sua disseminação. 
Seja qual for o argumento defendido, observo que ambos têm sua participação na música.                           Observamos a melhora da linguagem, raciocínio, desenvolvimento psicológico e interação social em indivíduos que têm interação com a música desde a infância. Também é inegável que temos na música, seja qual for seu estilo de preferência do ouvinte, uma fonte de prazer e sensações que poucos estímulos tem capacidade igual. 
       O importante é que temos na música uma fonte de indução de sentimentos e emoções. E temos, hoje (e sempre?) uma grande carência disso.