Formalmente
trabalhamos com o tempo em sala de aula como uma questão estipulada em que nos
enquadramos e assim, também, nossos alunos. Sim, temos conteúdos para “vencer”,
temos uma lista de conhecimentos que constituem determinada fase da
escolarização que nos obrigam a cumprir uma espécie de meta, uma etapa a ser
cumprida, um degrau a ser alcançado por nós e pelos alunos. Ao mesmo tempo,
lidamos com a sala de aula que não parece entender este tempo que tentamos
enquadrá-la. A sala de aula a que me refiro é o conjunto de alunos, suas
histórias, os conflitos, as dificuldades e as relações interpessoais ali
estabelecidas. Mesmo que tenhamos nossa velha prática de enquadramento do tempo/pessoas,
as linearidades não nos permitem atuar dessa maneira pré-moldada que a “lista
de conteúdos” nos demanda/ solicita.
Por
vezes, uma turma precisa desenvolver outras habilidades que não se enquadram
nos nossos planejamentos prévios, nas “listas” que planejamos nas reuniões de
planejamento das disciplinas. Por vezes, conflitos que surgem precisam de uma
intervenção diferente da pensada “aula tradicional”. Muitas vezes, o currículo
oculto tem sua voz muito mais evidente, e as atividades ditas “sem valor
pedagógico” (vistas externamente) acrescentam muito mais riqueza de aprendizado.
As
necessidades não se enquadram, as pessoas não se enquadram. Os comportamentos
não são líquidos e não se acomodam facilmente em qualquer modelo recipiente que
tentemos contê-los.
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