terça-feira, 19 de julho de 2016

Escola sem Partido

Este é o último post do semestre. Não foi um semestre fácil. Tive alguns contratempos pessoais que me fizeram ficar "fora do ar" por alguns momentos. Um puerpério diferente dos que já passei, uma sobrecarga física e psicológica (que sempre soube que enfrentaria, não reclamo) que me atrasaram um pouco. Tentei manter a qualidade das escritas, sempre voltando às questões pertinentes das aprendizagens do semestre, mas também ressaltando algumas questões que nos cercaram no semestre.
Nossa presidente sofre um processo de impeachment, uma menina sofre um estupro coletivo, escolas são ocupadas e um projeto muito perturbador tenta se instaurar na educação:  o projeto Escola sem Partido, que alega combater a doutrinação de esquerda nas escolas e defender uma educação supostamente neutra. Neutra? Ora...
http://jornalggn.com.br/noticia/escola-sem-censura-contra-o-cerceamento-da-sem-partido
O projeto de Lei 193, de 2016, está em tramitação. Liderado pelo advogado Miguel Nagib, uma de suas iniciativas é a divulgação de anteprojetos de lei estadual e municipal, que buscam legislar sobre o que é ou não permitido ao professor debater dentro de sala de aula. A medida tem sido interpretada por educadores e diversos formadores de opinião como sendo uma ofensiva conservadora voltada ao sufocamento de ideologias divergentes no universo da formação educacional.
A “lei da mordaça”, como vem sendo chamada, além de institucionalizar uma visão reacionária da sociedade e das relações sociais que é tida como o ideal, enquadra o pensamento crítico nas escolas, tomando como padrão a leitura conservadora do mundo. Assim, também, subestima a capacidade dos alunos de ter suas opiniões críticas frente ao que os professores tratam em sala de aula. Enfim, um programa que tolhe, de todas as maneiras, toda a construção que estamos lutando, há tempos, estabelecer na Educação Brasileira. 
Um "meme" que ironiza a "neutralidade" da proposta da escola sem partido.
 http://www.controversia.com.br/blog/2016/07/09/polemico-projeto-do-escola-sem-partido-tramita-em-5-estados-8-capitais-e-df/
“A escola e a universidade devem falar sobre gênero, sexualidade, política, filosofia, sobre história, ideias, ideologias e doutrinas de todo tipo, e isso precisa ser visto como algo positivo, não como um perigo. É preciso que isso seja feito apresentando diversas opiniões e educando os alunos para que possam fazer uma leitura crítica de todas as ideias que lhe são apresentadas. Precisamos ter uma escola com todos os partidos, com democracia, com diversidade, com curiosidade pelo saber, pela informação, pela pesquisa, pelo debate, pela leitura crítica do mundo — e, sobretudo, uma escola com muita liberdade”, considera o parlamentar, um dos críticos ferrenhos da proposta (Jean Wyllys ,PSOL-RJ).www.brasildefato.com.br/2016/07/18/projeto-escola-sem-partido-e-uma-ode-ao-atraso-diz-professor/
Entre tantos desapontamentos com a nossa Sociedade, entre tantas dificuldades vividas no semestre, fecho essas reflexões com meu descontentamento ao projeto. Abomino totalmente esta ideologia que tenta mascarar uma sociedade perfeita que sequer temos um rastro distante. Temos, sim, uma longa caminhada na formação de uma sociedade crítica e autônoma, capaz de considerar as próprias opiniões sem influências de dominações.



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