sábado, 9 de dezembro de 2017

O ERRO E A ILUSÃO

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Percebo que nesta nossa construção pedagógica teórica, somada à nossa prática, podemos reavaliar os conhecimentos e também nossas ações que são, por vezes, automáticas. Assim relacionei o texto de Edgar Morin “As Cegueiras do Conhecimento: o erro e a ilusão” à minha situação rotineira de sala de aula.

Quando vejo que um pensamento teórico pode me oferecer subsídio para a melhoria, tento traze-lo junto a mim no cotidiano escolar. Educar com afetividade e ter um olhar atento aos erros e ilusões de nossas "certezas" são considerações bastante pertinentes. E vejo que essa nossa desacomodação em repetir constantemente que a "certeza é burra" (eu sempre repito isso), oferce a visão de crescimento e mudança, e o inevitável aprendizado, de ambos os lados, do educando e do educador.

A afetividade e a empatia como fatores de conexão afrontando a racionalidade e a lógica perfeita. Nosso trabalho não é fácil e altera nossas emoções, é verdade. Mas, como em qualquer outra relação humano/humano muitas vezes o "colocar-se no lugar do outro" acaba esquecido. Tentar ver as situações com os olhos dos alunos, seus sentimentos e suas angústias para tentar uma conexão que permita a construção que tanto procuramos: a aprendizagem. Certamente um dos nossos maiores erros como educadores é o posicionamento distante dos alunos, talvez até numa suposta relação de poder, para justificar nossa necessidade de superioridade. Um exercício constante!

Nesta balança constante, que tentamos dosar nossas atitudes em sala de aula, com a racionalidade e a afetividade para proporcionar as construções que fazem da nossa prática, a diferença entre educar para a vida e educar para cumprir grades curriculares.

REFERÊNCIA:

MORIN, Edgar et al. Os setes saberes necessários à educação do futuro. Cortez Editora, 2014.

COMO ESTRELAS NA TERRA

Para sustentar nossa reflexão semestral, estudamos o filme “Como estrelas na terra” https://www.youtube.com/watch?v=6rxSS46Fwk4 (produção indiana de 2007, dirigida por Aamir Khan).
Em uma perspectiva distante de nossa realidade, demonstrando o cotidiano escolar em escolas indianas e todo um contexto cultural bastante diferente, identificamos situações comuns com nossa realidade.
 Em verdade, com nosso cotidiano escolar, com episódios que já convivemos, ou que ouvimos falar de próximos, ou que conhecemos somente sob um olhar de diagnóstico.  No filme, o protagonista Ishaan demonstra suas dificuldades ao enfrentar o processo de escolarização. Uso a palavra “enfrentar” porque até a metade do filme a escola lhe parece um imenso desafio, sua aprendizagem não segue os “padrões” que os outros alunos apresentam ou os padrões “desejados” pela escola e pela sociedade. O filme retrata a historia de um menino disléxico e suas dificuldades de aprendizagem frente a um sistema educacional que não considerava sua peculiaridade e o rotulava como preguiçoso, incapaz de aprender, teimoso e tantos outros estigmas que lhe foram impostos.
No filme, o desfecho foi muito feliz para o menino, que com seu diagnostico constatado inicia um processo diferenciado de aprendizagem, que acolha suas especificidades e permita o desenvolvimento de seus potenciais.
Dislexia não é considerada uma deficiência, mas o aluno com este distúrbio recebe um atendimento que proporcione sua inclusão. Esta inclusão dá-se no sentido de proporcionar que este tenha algumas estratégias pedagógicas para que seu desenvolvimento seja pleno com os outros alunos.
Alguns pontos de atenção ao educador são necessários para o aprendizado da criança disléxica na sala de aula. Assim, deverá:
·      manter-se informado acerca dos problemas encontrados pela criança disléxica nas diferentes áreas do ensino básico
·      reconhecer que um ensino por objetivos voltado para as competências e utilizando uma metodologia multissensorial pode ser de grande utilidade
·      reconhecer a frustração sentida pelo aluno disléxico
·      reconhecer que o desempenho de um disléxico pode estar muito aquém do seu potencial
·      reconhecer possíveis problemas de comportamento/auto estima
·      demonstrar simpatia, atenção e compreensão
·      construir uma boa relação professor-aluno
·      lembrar-se que esta criança aprende de uma forma diferente, mas que é capaz de aprender
·      acompanhar de perto o aluno que lê bem, e que participa oralmente mas que revela grandes lacunas no que diz respeito à parte escrita
·       fazer com que as outras crianças compreendam a natureza da dislexia, para não troçarem nem assediaram a sua colega disléxica
·      encorajar ativamente a criança, realçando capacidades e talentos
Nossas aprendizagens ocorrem lá no nosso ambiente de trabalho, de fato. Quando identificamos as situações e relacionamos com as teorias e exemplos, com as reflexões e estudos, com os nossos questionamentos e planejamentos. Todos os dias temos novos desafios.
O filme, sem dúvida, retrata um caso bastante clássico. Uma ficção com um final muito feliz. Quem dera, na vida real tivéssemos sempre estes finais felizes.
REFERÊNCIA:
COGAN, Pauline; REM, Dip. O que os Professores podem fazer. O Choque Linguístico–, p. 58, dyslexia-international.org. 2002.

quarta-feira, 29 de novembro de 2017

-PRECONCEITO! "PRESENTE!"

E não há um dia sequer que a sala de aula se mostre um ambiente sem preconceito. Todos os dias surge uma situação, um conflito, uma intervenção necessária e urgente. Nesta problemática constante, aprendemos e ensinamos que as diferenças existem, são necessárias e enriquecem a vida. Mesmo assim, o preconceito é presente, incomoda, desacomoda.

Uma das atividades que realizamos neste semestre na disciplina de Seminário Integrador abordava esta temática: situações de preconceito. Relatamos as situações que vivenciamos e analisamos casos de outras colegas. 


Image result for PRECONCEITO DEFICIENTESTanto na situação que relatei como nas situações das colegas que analisei, as questões que envolviam preconceito referenciavam a questão da deficiência física como fato desencadeador da situação-problema. Nas três situações também ficam evidentes questões sobre a necessidade de uma adaptação prévia dos ambientes para receber estas pessoas, não somente nas condições físicas, mas na informação e preparação das pessoas para que haja uma real inclusão, sem diminuição ou mascaramento da situação, mas com entendimento e clareza para que sejam conhecidas as aptidões e limitações das pessoas incluídas. 
As barreiras da inclusão são invisíveis, mas impedem que as pessoas se aproximem, se aconcheguem e encontrem no outro uma pessoa que também tem muito a oferecer, não somente a receber. Observamos que nos cercamos contra o "diferente" mas também temos nossos olhares mirando o "diferente", buscando pontos de convergência, encontrando pontos de sustentação onde possamos iniciar a construção. Assim rompemos as barreiras, quando nos aproximamos e construímos, e deixamos construir. 
Nas três situações analisadas houve carência de informações, de preparo, de "marretas" para derrubar as barreiras. Nas três situações, com maior ou menor sucesso, as histórias foram modificadas e ninguém permaneceu como era antes.
Com a felicidade ou tristeza dos casos relatados, tanto na inclusão em um ambiente de trabalho ou no ambiente escolar, as deficiências não podem representar situações desconfortáveis para as pessoas. Estamos falando de pessoas, e pessoas precisam de pessoas para se desenvolver. Por isso, em nenhuma situação a exclusão é admissível.


O DESAFIO DAS DIFERENÇAS


Fico bastante satisfeita e otimista ao escutar que a escola tenha um papel crucial no desenvolvimento de alunos com Transtornos Globais do Desenvolvimento (TGD). Meu questionamento e preocupação surgem quando penso nestes professores com uma sala de aula com muitas especificidades e diversidades e esta criança necessitando de um olhar diferenciado. Estabelecer vinculo com esta criança e conseguir desenvolver uma comunicação significativa reflete um real desafio. Penso na professora alfabetizadora, por exemplo, diante desta criança e tentando desvendar meios de comunicação e sistematização do conhecimento. "Os professores conseguem identificar estas necessidades especiais no caso de uma criança sem laudo", me questiono. 
A aprendizagem e a escola favorecem o desenvolvimento dessas crianças, mas isso depende de um processo de inclusão e desenvolvimento que ampliem os horizontes da criança e permitam que use ferramentas novas de comunicação. O professor que trabalha com crianças com TGD precisa ter acesso as metodologias que ampliem as possibilidades de comunicação com estas crianças. E estas crianças precisam de um olhar especifico e não comparativo, respeitando seus limites e suas aceitações aos incentivos a comunicação. A escola deve favorecer a aprendizagem e esta aprendizagem "escolar" abre portas para outras aprendizagens. A criança mostra seus caminhos de aprendizagem e o educador precisa ter um olhar observador mediador para a relação com a criança. O sucesso desta relação depende, também, da segurança do educador em atuar de acordo com suas capacitação profissional, trazendo a teoria e a pratica em bastante consonância para obter sucesso neste processo.
Em alunos com altas habilidades, percebo que encontramos no diagnostico  e no medicamento um alento ao ter "menos um" que "atrapalha". Seu rendimento muda bastante, em termos comportamentais e cognitivos. Mas seriamos muito ingênuas de pensar que este comportamento é satisfatório ou surte resultados nos alunos de altas habilidades, por exemplo. Aí nossa observação cotidiana das nuances de comportamento podem contribuir significativamente para o tratamento ou acompanhamento do aluno. Reconhecer que a medicação pode contribuir para a auto organização do aluno, mas ao mesmo tempo permitir que tenha suas habilidades livres para se expressarem, caracterizando sua personalidade e seu modo de atuar no mundo. Me preocupa o limite em que a utilização do medicamento anule sua personalidade, o torne mecanicamente "hábil" ao aprendizado e não mais signifique um desafio para os educadores em sala de aula. 
Certamente convivemos com nossos dois lados no cotidiano da sala de aula: o lado que "estimula seus alunos a procurarem novas formas de investigar e desenvolver suas potencialidades e o que recrimina o aluno que pergunta e que confunde o jeito inquieto do aluno altamente habilidoso com hiperatividade e dá graças a Deus se ele tomar seu medicamento e ficar quietinho, sentadinho em sua carteira".
Um dia ou outro seremos o tipo de professoras que não desejamos; em alguns dias nos sentiremos fracassadas diante da nossa incapacidade de administrar os conflitos que nos chegam na sala de aula e os desdobramentos que poderíamos ter dado. Em momentos de força ou fraqueza, vivemos nesta profissão que nos exige equilíbrio emocional e sensatez psicológica para trabalhar. Muitas vezes o dia já foi salvo pelo aluno questionador, noutros, o mesmo o arruinou. E não devemos nos sentir fracassadas por isso. Somos humanas também e sujeitas a essas flutuações. 


terça-feira, 21 de novembro de 2017

PROVA DO MÉTODO CLÍNICO PIAGETIANO

A primeira vez, nunca esqueceremos! E pela primeira vez apliquei uma prova do Método Clínico Piagetiano.
O método apresenta a capacidade de testar e observar a construção e desconstrução...nesta desacomodação vamos questionando e observando os meios que a criança faz para encontrar as respostas aos questionamentos. Por provas ou não, fazemos isso em nossa prática escolar...talvez até sem  perceber ou sem ter este objetivo. Mas na busca por encontrar formas de entendimento fazemos meios alternativos de pensamento, questionamos, mudamos situações, fazemos suposições, tentamos abstrações e, quando possível, demonstramos concretamente as situações.


Prova da Conservação da Superfície:
R. (Menino, 6 anos e 4 meses, aluno do Infantil V)
Foram apresentados dois retângulos verdes de EVA, de igual tamanho. Foi explicado que tratava-se de terrenos com grama. Foram colocadas casinhas idênticas em cada terreno, uma no centro do terreno e outra em um canto do outro terreno (a prova consiste em distribuir as casas nos dois terrenos de maneira espalhada num, e juntas noutro). R, nesta grama eu coloquei uma casa (no centro do terreno), sobrou espaço para as crianças brincarem? Sim. No outro terreno eu coloquei uma casa também (no canto do terreno), sobrou espaço para as crianças brincarem também? Sim. Em qual lugar tem mais espaço para as crianças brincarem? Neste aqui (indicando o terreno com casa no canto). Vamos colocar outra casa aqui (no terreno de casas espalhadas) e outra aqui (casas juntas no terreno). Queria que tu me mostrasse onde tem mais espaço para as crianças brincarem...Neste aqui (casas juntas). Coloco mais casas em cada terreno sucessivamente. Esta grama tem tudo isso de casas, quantas? Cinco. E aqui, tudo isso de casas também, quantas? Cinco. (casas espalhadas em um terreno e casas juntas no outro terreno). Onde tem mais espaço para as crianças brincarem, nesta? Sim (indicou o terreno de casas juntas).
Vamos fazer uma transformação agora. Quero saber se eu colocar esta casinha aqui (do terreno de casas espalhadas, todas juntas como no terreno ao lado porém enfileiradas de maneira diferente), onde tem espaço para as crianças brincarem? Aqui (indicando o terreno que demonstrava anteriormente). E se eu fizer assim?(coloco as casas agrupadas em 3 de um lado e 2 do outro lado do terreno, com área central livre). Ele segue demonstrando o terreno indicado anteriormente. E se continuarmos fazendo a transformação, R? Essa se muda para cá, esta para cá (dispondo as casas agrupadas desde o início de forma espalhada como foi no outro terreno, inicialmente)...qual terreno terá mais espaço para as crianças brincarem? Este (indicou o terreno com duas casas de um lado e três do outro lado, com area central livre).
Realizei a prova com o menino de 6 anos, um menino de 8 anos, um menino de 11 anos e duas meninas de 11 anos. Somente as meninas de 11 anos perceberam a conservação da superfície, independemtemente da distribuição das casinhas sobre o gramado. Usaram os conhecimentos de que as casas e os terrenos tinham a mesma área, portanto não haveria um terreno com maior ou menor area de brincadeiras. As outras provas foram evidentes na não conservação da área, indicando que a distribuição das casinhas oferece diferentes percepções de espaço para as crianças. Responderam que as casas aglomeradas em uma porção do terreno resultaria em maior area de brincadeiras, enquanto que as casas distribuídas ofertariam menor área. A conservação refere-se à capacidade de perceber que apesar das variações de forma ou arranjo espacial, uma quantidade ou valor não varia se dele não se retira ou adiciona algo. Na criança surge entre os 7 e os 12 anos durante o estágio da operações concretas.
Foi uma experiência bastante interessante, onde a observação ativa nos demonstra que os estádios do desenvolvimento são etapas presentes no nosso aparelho cognitivo, precisam apenas de seu tempo adequado e dos gatilhos para despertar estes mecanismos.


REFERÊNCIA:
MARQUES, Tania B. I. Método clínico piagetiano: Exemplo de transcrição. Porto Alegre: 2015 (mimeo).

sexta-feira, 10 de novembro de 2017

UM FENÔMENO!!!

Então, aos 34 dias de greve dos Municipários de Porto Alegre e diante de outras tantas greves no país; observando nossa caminhada e nossas construções; observando nossa sociedade e os encaminhamentos que engendraram os últimos tempos, proponho uma breve análise sobre o vídeo "O Milagre na Finlândia".
Certamente encontraremos muitas informações sobre pontos negativos da vida na Finlândia. Certamente haverá contrapontos sobre a utopia de um país com muitos aspectos de desenvolvimento igualitário. No entanto, nesta breve análise, reforço somente o aspecto da EDUCAÇÃO, o pilar principal de uma sociedade justa e desenvolvida.
Um caminho traçado sobre as escolas públicas, onde os alunos não são distintos por suas classes sociais. A inclusão social que garante que a condição econômica dos pais não interfere na qualidade de educação de uma criança.
Em seguida, uma política de valorização dos professores onde os professores têm um alto grau de respeito na sociedade, seguido de salários valorizados e formação de professores. E
 para concluir, um "pensar fora da caixa", reduzindo a carga horária e a quantidade de provas. A prioridade é estimular o raciocínio independente.
Um sistema igualitário que nos mostra um dos mais celebrados sistemas de educação do mundo. Os finlandeses estruturam este sucesso como resultado, não somente de políticas educacionais, mas também de políticas sociais: o bem estar social financiado pelos impostos é fundamental para garantir saúde, moradia e educação para os cidadãos.
E em contrapartida estamos aqui lutando diariamente contra a desvalorização dos professores, lutamos para que a formação de professores seja de qualidade, nos deparamos com escolas sem a mínima infraestrutura para acolher os alunos, lidamos com alunos sem assistência, sem apoio familiar, sem nada!
Ano após ano vemos as diferenças sociais aumentando, e um sistema que busque o contrário deste status é sumariamente alvejado pela sociedade que ainda vê o poder na economia, e não nas interações sociais.
Cada dia penso que este país tem tanto potencial para crescer e tantos obstáculos para ultrapassar! E  que um dos principais obstáculos é a própria sociedade.

terça-feira, 7 de novembro de 2017

QUANDO NÃO SEI O QUE PENSAR

Recebi esta resenha de um livro infantil distribuído nas escolas de São Paulo. A autora, Silvana Rando foi premiada com a obra. Na resenha que podemos assistir no vídeo, Ana Paula Xongani critica duramente a obra e propõe que sejam tomadas ações a respeito do livro alertando que trata-se de uma obra preconceituosa, apelando que se dialogue com as Direções sobre as consequências da leitura do livro sobre a autoestima das crianças.
Fiz um exercício de pensamento refletindo sobre a leitura e, principalmente, sobre a problematização desta leitura. De fato, esta leitura se trabalhada simplesmente pela história, levantará questões de não aceitação nas crianças que se identifiquem com a personagem.
Não podemos deixar de lembrar que a aceitação das nossas características físicas está intimamente atrelada ao diálogo construído com nossos semelhantes, nossos professores, nossos amigos, as pessoas que nos cercam e reforçam que nossa aparência é secundária diante da nossa existência nestes círculos. Nesta linha de pensamento, construo que a leitura de Peppa seja muito propícia para este diálogo. Quando propomos uma leitura orientada e com propósitos de reflexões após a leitura, qualquer obra pode  tornar-se uma potente ferramenta contra o preconceito e discriminação. A autoestima seria um sentimento muito trabalhado nesta problematização, derrubando os conceitos de "cabelo ruim" que possam surgir na identificação do cabelo de Peppa.
Me preocupo com as questões que este livro esteja ressaltando quando não trabalhado de forma orientada. Me preocupo quando esta leitura seja ofertada sem reflexão, sem discussão, sem questionamento.


domingo, 15 de outubro de 2017

O ESPANTO NOSSO DE CADA DIA

Nas redes sociais as opiniões são explicitadas e compartilhadas. As ideias, sejam elas compatíveis com nossas ideologias, ou não, chegam até nosso alcance e tomamos conhecimento dos pensamentos alheios. Nesta semana, recebi a mensagem compartilhada neste post. Concordo com os fatores que mencionam "É em casa que se aprende", embora saiba na prática que muitos desses aprendizados são desenvolvidos na escola, um ambiente que é "como se fosse a casa" para muitos alunos.

Ainda digerindo o fato de que as pessoas possam ser favoráveis a estes pensamentos, o qual devo respeitar, mas posso aqui rebater e argumentar a impossibilidade de uma sociedade justa e "respeitadora" quando os assuntos compartilhados como "Não se aprende na escola" não sejam discutidos, debatidos e construídos na escola TAMBÉM.

Carrego a tristeza de lamentar que as pessoas pensem assim e pensem que a abstenção de discussão destes assuntos seja a ferramenta de "um mundo melhor" ou "a favor da FAMÍLIA".
Em tempos de projeto de "ESCOLA SEM PARTIDO", e de ideologias distorcidas sobre as práticas docentes, este tipo de compartilhamento irresponsável e lamentável desconstrói nossos pilares éticos diante da sociedade tão carente de diretrizes para sanar suas crises.
A formação de professores está, cada vez mais, focada nos temas da atualidade e nas questões éticas da profissão, bem como o comprometimento com a construção de uma sociedade justa e igualitária, autônoma de seus pensamentos e que não sejam regidos por dogmas. Lutamos todos os dias contra a uniformidade, pensamos a todo momento na diversidade, exercemos nossa profissão com ética para que os conhecimentos sejam construídos e não haja uma "doutrinação" dos alunos (o grande temor dos nossos tempos atuais).
Pensar que nossas crianças e jovens sejam doutrinados por nossas ideias seria, no mínimo, um grande menosprezo por suas inteligências e capacidades.
EM DEFESA DA DISCUSSÃO DESSES ASSUNTOS, SIM, COMPARTILHO QUE É UM ABSURDO PRIVAR A ESCOLA DE PRATICAR O EXERCÍCIO DO PENSAR SOBRE OS MESMOS. EM DEFESA DA INTELIGÊNCIA DOS NOSSOS JOVENS, EM DEFESA DA LIBERDADE DE PENSAMENTO.

FELIZ DIA, PROFESSORES!

quarta-feira, 4 de outubro de 2017

NA LUTA, TAMBÉM ESTOU ENSINANDO!

Cresci estudando em escolas públicas. Nunca estudei em instituições privadas. Portanto, sei bem como se sentem os alunos quando os professores estão em greve. Compreendo a causa dos professores, compreendo a aflição das famílias diante da ausência de aulas, não entendo como esta situação, que se arrasta ha muito tempo, não muda. Não é por falta de luta, não é por falta de razões, tampouco por desmobilização da classe. 
Creio que há um interesse maior em que esta situação não mude, que se perpetue, que se arraste, como um verme que nos assola e nos atrapalha. Como um peso que a categoria deva carregar consigo: falta de valorização e sucateamento das condições de trabalho!
Os professores do Estado, diante de salários parcelados em mínimas parcelas estão paralisados há um mês. Os professores municipais iniciam amanhã uma nova batalha contra o desgoverno do novo prefeito. Nas escolas, um clima interno que lembra hostilidade, cheira a desunião e reflete a nossa pouca força diante deste governo. Nas salas de aula, os alunos nos questionando se "pararemos", pois alguns professores não farão greve. Diante do ponto eletrônico e das ameaças de corte do ponto e desconto dos salários, os municipários estão cada vez mais intimidados. Diante dos pacotes de maldade do novo governo, estamos ameaçados de perder, inclusive, nosso plano de carreira e desvalorização salarial em torno de 30%.
Serei grevista, mesmo com toda essa situação caótica que ameaça se instalar. Serei lutadora, resistirei.
Aos meus alunos, peço que tenham atenção aos fatos e construam suas próprias opiniões sobre os estes, que não se deixem manipular. 
Aos alunos, também, deixo a mensagem que "Professor lutando também está ensinando!"

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sábado, 30 de setembro de 2017

UM PASSEIO AO PRECONCEITO

Um dia precisei usar uma cadeira de rodas no shopping. Aquelas cadeiras motorizadas, moderninhas, mais parecem uma motocicleta. Estava com meus dois filhos pequenos, o menor foi de "carona" na cadeira, na minha frente, segurando-se no volante. Minha experimentação com a cadeira foi estranha. Utilizei-a porque precisava, mas em qualquer situação eu me levantaria e sairia caminhando. Foi estranho porque pude observar que os olhares das pessoas sobre mim eram olhares de piedade. Não era uma impressão minha, até ouvi alguém falando "coitada, e com filho pequeno". Eu estava ali desfrutando daquele conforto para meu momento delicado, mas na verdade só pensava em como os cadeirantes vivem. Além do "olhar de piedade", a localização abaixo da altura da maioria das pessoas também desfavorece. Nas lojas a minha presença parecia um incômodo: espaçosa, necessitando pedir licença para escolher itens.
Tratar o tema das deficiências ou das diferenças físicas entre as pessoas vai além do exercício da empatia e da acolhida. Nâo podemos ser simplistas e levianos ao falarmos somente sobre as questões de acessibilidade e inclusão. Em nosso dia dia lidamos com as diferenças da maneira mais dura: enfrentando-as. Sequer deveríamos utilizar o verbo "enfrentar", pois precisamos "conviver". Repetimos o discurso de que a diversidade é boa e saudável, mas na prática, os "diferentes" são constantemente testados em nossa incapacidade de lidar com o que não segue os "padrões". A maneira como, conscientemente ou inconscientemente, amenizamos a deficiência com o intuito de compensar a falta de alguma habilidade que a pessoa possa vir a apresentar é um grande desafio.
Na sala de aula, em nossas relações pessoais, no trânsito, no comércio, encontramos pessoas que apresentam suas "diferenças" ou "deficiências", mas na verdade têm o desejo (íntimo ou não) de que não déssemos destaque a esta diferença. Gostariam de ser tratadas como se não carregassem esse "fardo" e tivessem uma "vida normal". 
No aprendizado das pessoas com deficiência as abordagens precisam ser, muitas vezes diferenciadas para proporcionar acessibilidade, será que não prefeririam receber os mesmos trabalhos e avaliações para, perante seus "iguais" desenvolverem as mesmas habilidades? Ou preferem que, pelas mesmas questões de acessibilidade, tenham um tratamento diferenciado e focado em suas necessidades?
Observo que os desejos, os anseios e as vontades desses alunos não aparecem tanto, são velados, exceto seu enorme desejo de interação social. Creio que, ao lidarmos com as diferenças, uma maneira de promover igualdade seria escutar, desnudos de nosso papel de educadores (e vestidos de humanos) os desejos dessas pessoas e como poderíamos ajudá-los a "atravessar a ponte do castelo" ao mesmo tempo que nos ajudam a "tirar a cabeça do buraco". Definir nós mesmos e os outros, pois as diferenças existem e precisam ser debatidas.
Andar de cadeira de rodas é um passeio a uma realidade que dói, que prospera em preconceitos e que vela pensamentos e mitos que só mascaram o que realmente teríamos de escutar: os deficientes.

REFERÊNCIA:
AMARAL, L. A. . Sobre Crocodilos e Avestruzes: Falando de Diferenças Físicas, Preconceitos e Sua Superação. In: Aquino, Júlio G.. (Org.). DIFERENÇAS E PRECONCEITO NA ESCOLA. São Paulo: Summus, 1998, v. , p. 19-38.

sexta-feira, 29 de setembro de 2017

NA TEORIA E NA PRÁTICA

Semana de muitas leituras. Em cada leitura aquela pontinha de projeção para nossa sala de aula, nosso cotidiano, nossas práticas. Voltando o olhar para como entendemos a teoria, se nos sustentamos nela ou se nada nos acrescenta.
Nas comparações entre empirismo, apriorismo e construtivismo, buscamos identificar as condutas que regem cada tipo de teoria. E na prática docente vejo que atuo com diferentes modelos, de acordo com o conteúdo trabalhado. Não sou sempre construtivista, tampouco os demais modelos. Me utilizo de todos recursos que disponho para oferecer aos alunos as "ferramentas" para que cheguem ao aprendizado. No entanto, por vezes, os conceitos precisam ser elucidados, explicados, "passados" aos alunos. Me contradigo, eu sei. Mas nestas oscilações de modos de agir busco tentar alcançar o objetivo da aprendizagem.
Lino Macedo não elimina a possibilidade de utilização do não-construtivismo na aprendizagem. O autor nos proporciona uma comparação direta e exemplificada entre o construtivismo e o não-construtivismo.  Nos provoca ao pensarmos quando podemos utilizar um ou outro. Também destaca que as crianças estão submetidas, por vezes, a lares construtivistas e escolas "não construtivistas". Assim, são caracterizados como estudantes de "escolas fortes", conteudistas, e conseguem desenvolver sua capacidade de pensamento crítico e autonomia na construção do conhecimento. O problema é que há famílias que não conseguem dar todo o suporte das famílias "construtivistas" e estas crianças, tampouco desenvolvem seu conhecimento de maneira crítica e construtivista na escola (que ainda é não-construtivista).

MACEDO, Lino. O construtivismo e sua função educacional. Educação e Realidade, Porto Alegre, v. 18, n. 1, p. 25-31,jan./jun. 1993. https://www.ufrgs.br/psicoeduc/piaget/o-construtivismo-e-sua-funcao-educacional/

quinta-feira, 21 de setembro de 2017

TODOS OS DIAS, APRENDENDO A ESCREVER

Na aula presencial da semana tivemos uma rica oportunidade de participar de uma Oficina de Produção de Texto com a Professora Ivany Souza Ávila. Nos instigando com o pensamento em "palavras soltas" que se conectaram depois e formaram ideias com contexto, coesas e que transmitiam nossas mensagens. Nos Elucidando que devemos ter confiança nas possibilidades do "escrever", sem ter medo ou bloqueios ao escrever sobre "o que não gostamos".
Escrever também é uma aprendizagem. E na prática da escrita, reavaliamos sempre essa aprendizagem.
Aprendizagem é quando ocorre a apropriação de um conhecimento ou experiência de vida com confrontamento pessoal diante dos fatos anteriores e posteriores ao "aprendizado". Quando temos um relacionamento difícil com a escrita, devemos buscar as ideias e palavras até que se conectem e reflitam o que precisamos expor. O que antes víamos como um "fantasma" torna-se possível através da escrita organizada e praticada afim de se buscar o aprendizado da escrita. Elaboramos um paralelo entre nosso "antes e depois"...assim, nossas elaborações prévias são contrapostas ou concordantes com nossos novos conhecimentos adquiridos, solidificando nossa aprendizagem, de fato. Em outras palavras, não somos !"folhas em branco", algo já temos escrito nas nossas "folhas" em tentativas de explicar nossos questionamentos diante da vida. Quando vivenciamos ou nos deparamos com experiências que corroboram ou confrontam esses "escritos", construímos nossa aprendizagem. Mas o processo de aprendizagem requer uma certa flexibilidade e aceitação, pois precisamos também ter a capacidade de acolher os novos conhecimentos e reformular nossas hipóteses. Caso contrário, não construiremos nada.
Em cada palavra pensada, em cada parágrafo formado e em cada ideia que nosso texto transmite as possibilidades da escrita se ampliam, e nossos horizontes sobre ela também. Aprender a escrever é um exercício: de leitura, de releitura, de argumentação e construção de ideias.

sexta-feira, 15 de setembro de 2017

A CRISE DO PENSAR

Professores em crise: vivemos uma contradição permanente, onde o conhecimento tornou-se uma coleção de fragmentos que estão disponíveis para que os sujeitos, que deveriam ter sede de conhecimento integral, conheçam as partes e a partir destes fragmentos exprimam suas opiniões e conceitos sobre os assuntos. Nesta vasta oportunidade de comunicação que temos disponível na internet, a informação fragmentada nos parece bastante razoável ao nos trazer respostas prontas para nossas dúvidas imediatas. Caímos muito bem na rede que foi jogada e agora nos deparamos com um problema que é lidar com toda essa informação. Tanto quanto a informação disponível quanto a necessidade imediatista de nos apropriarmos de conceitos e emitir opiniões sobre eles.
Nas redes sociais, por exemplo, percebemos que as opiniões são deflagradas e muitas vezes defendidas ferrenhamente, em um comportamento hostil que dificilmente as pessoas apresentariam em uma conversa presencial. Também estamos sujeitos à exposição demasiada, onde vemos que a vida pessoal tem suas etapas descritas e publicadas em uma espécie de diário, que exibe com orgulho nossas melhores aventuras.
Em contraponto, também buscamos um sujeito que seja capaz de ter atitude frente ao saber, com humildade para construir seu próprio conhecimento, capaz de reflexão crítica frente ao seu próprio significado de estudar.
Nesta batalha travada, explícita ou implicitamente, vivemos em crise diante de uma sociedade em que "pensar e refletir" é quase uma contravenção. Ter a capacidade de se comunicar e agir de acordo com suas verdadeiras premissas é uma atitude de coragem. Nesta nossa contradição, mencionada de início, vivemos de um modo e idealizamos outro. Daí instala-se a crise de que falo.
E nesta propagação de informações, a uma velocidade espantosa, podemos destacar que há uma sociedade fragmentada e que necessita de uma orientação quanto a apropriação do conhecimento. Neste ponto penso que a crítica de Karnal encontre o "Ato de Estudar" e travem a batalha que é lidar com a informação nos nossos tempos. Enquanto a construção do conhecimento e a reflexão crítica são nosso desejos mais utópicos, a informação pronta e disponível, imediatamente, encontra-se sedutoramente "pronta" para sujeitos que necessitariam, cada vez mais, do exercício do pensar!

REFERÊNCIAS:
FREIRE, Paulo; FREIRE, P. Considerações sobre o ato de estudar. Freire P. Ação cultural para a liberdade. 7ª ed. Rio de Janeiro (RJ): Paz e Terra, p. 9-31, 1984.
Vídeo de Leandro Karnal: https://youtu.be/crlhoz7IVeY




quinta-feira, 14 de setembro de 2017

QUEM SOU HOJE, QUEM SEREI AMANHA?

 Propus uma reflexão com uma turma de sexto ano do ensino fundamental com a temática "Como sou hoje, como serei amanhã" com o objetivo de abordar não somente as características físicas e como se caracterizam, mas também destacar questões comportamentais, sociais e alterações físicas que observam em sua puberdade. Também com o intuito de destacar a questão dos projetos pessoais futuros. Os alunos receberam folhas em branco e após explicação da atividade fizeram representações suas atuais e como imaginavam seus corpos/ suas vidas no futuro.  A atividade demonstrou, primeiramente, uma dificuldade dos alunos em projetar/ imaginar o seu próprio futuro, questionando-me com frequência “como posso saber o que vou ser no futuro? ” Esse questionamento me angustiou pelo fato de não projetarem seus futuros, uma ausência de projetos de vida. Assim, debati bastante com a turma sobre desejos, atitudes que nos ajudam a alcançar os objetivos e a importância de ter projetos de vida que guiem nossos desejos e metas para o futuro.  Após essa barreira inicial, demonstraram dificuldade em retratar suas próprias características, pois muitos não se sentem satisfeitos com o próprio corpo. Debatemos sobre as transformações que o corpo sofre na puberdade e que eles observassem as mudanças que já apresentam (comparativamente aos anos anteriores). Com a reflexão pessoal, fizeram suas caracterizações atuais e imaginaram outras transformações físicas que sofrerão, mas também mudanças nos aspectos sociais e econômicos que almejam. Em relação às questões de etnia, uma aluna relatou que “vou deixar o corpo em branco porque não tem a minha cor para pintar”. A mesma aluna relatou que “não gosta de seu cabelo” e o retratou diferentemente do que se apresenta.
Outra aluna relatou que “gosto do meu cabelo cacheado” e quer ele maior no futuro. Ao pintar a pele do seu desenho, solicitou o lápis “cor de pele” caracterizando sua pele como rosada. Uma terceira aluna também buscou o lápis “cor de pele”, mas selecionou o lápis marrom. Não pintou sua imagem de “futuro” por falta de tempo para concluir a atividade. Os meninos não relataram alterações físicas tanto quanto as meninas, mas enfatizam suas mudanças em relação a questão econômica (ter dinheiro, ser rico).
Alguns alunos não manifestaram nenhuma caracterização em relação às suas características étnicoraciais. Esta imparcialidade pode significar que este debate precisa ser mais presente entre os alunos, mas também pode ser interpretado como uma negação a essas questões, diminuindo sua importância e relevância em toda sua construção histórica e social.
Os alunos demonstraram gostar da atividade, embora tenha gerado um desconforto inicial que foi acalmado após o debate. Quis realizar a atividade sob o enfoque das transformações biológicas e projeções que fazem para o futuro, mas inevitavelmente as questões étnicas surgiriam
(intencionalmente). Acredito que um desdobramento possível desta atividade seja aprofundar o debate sobre a cor da pele (seu significado biológico e as questões sociais que permeiam este tema), a importância de pensar no futuro (gerando esperança e planejamento nestes jovens) e elucidar sobre as transformações das fases da infância, puberdade e vida adulta. 
Referência: 
BRASIL, Lei LDB. Orientações e ações para a educação das relações étnico-raciais. MEC/Secretaria da Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade–Brasília, 2006.

sábado, 2 de setembro de 2017

BEM VINDO, EIXO 6!


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Um novo semestre se inicia. Em cada retorno faço este texto cheio de boas intenções que inspiram para o bom andamento do semestre. Neste não farei diferente e registrarei meus votos. Mas neste semestre percebo que os votos são em busca de maior tranquilidade para que possamos crescer. Fazemos tudo em solavancos, em desesperos, em sustos. Neste espaço, o crescimento e a reflexão ficam inertes perto dos prazos, dos limites e dos tempos que dedicamos para cada coisa que faz a nossa vida girar.
Hoje a temperatura mudou muito. Ontem estava bastante parecido com um dia de verão e hoje estamos, novamente, encasacados. No sinal de trânsito, com os filhos no banco de trás, observamos um homem sentado no chão, com poucas roupas e demonstrando muita serenidade. Não parecia ter frio, não demonstrava incômodo, não esboçava um momento ruim. Apenas segurava nas mãos uma revista. E Ao seu lado uma pilha de revistas. E nos seus olhos, a leitura da revista. E nas nossas mentes "Qual será a história de vida deste homem?"
Como uma pessoa mora nas ruas? Será que tem pais vivos? Esposa, filhos? Será que trabalhava? Será que tinha um cachorro? Onde morava? Quando nasceu? Como era sua vida antes de viver na rua?
Estas perguntas foram feitas por meus filhos, no banco de trás. Que encaravam essa realidade tentando compreendê-la. E fiquei ali, sem respostas para todas elas. Apenas observamos. Abriu o sinal e seguimos.
E neste semestre vou seguir assim, às vezes terei respostas, às vezes seguirei sem respostas. Mas não deixarei de perguntar. E as pessoas que por nós passam, com suas histórias de vida, também não saberemos como chegaram onde estão agora. Talvez conheçamos algumas etapas, mas as histórias são muito complexas. E quando o "sinal abre" a nossa vida segue e ficamos sem as respostas que procurávamos.
Na nossa trajetória de professores/ pesquisadores/ investigadores focamos o olhar e afinamos os ouvidos para as histórias, para as construções e para o crescimento. Buscamos respostas, que muitas vezes, não são encontradas. E oferecemos nosso trabalho como ferramenta para a mudança da realidade, para o crescimento e para a vida.
Quando o sinal abrir, seguiremos. Pensaremos (ou não) nas histórias que cruzam nossos caminhos. Mas não cansaremos de querer saber e tentar responder.