Fico bastante satisfeita e otimista ao escutar que a escola tenha um papel crucial no desenvolvimento de alunos com Transtornos Globais do Desenvolvimento (TGD). Meu questionamento e preocupação surgem quando penso nestes professores com uma sala de aula com muitas especificidades e diversidades e esta criança necessitando de um olhar diferenciado. Estabelecer vinculo com esta criança e conseguir desenvolver uma comunicação significativa reflete um real desafio. Penso na professora alfabetizadora, por exemplo, diante desta criança e tentando desvendar meios de comunicação e sistematização do conhecimento. "Os professores conseguem identificar estas necessidades especiais no caso de uma criança sem laudo", me questiono.
A aprendizagem e a escola favorecem o desenvolvimento dessas crianças, mas isso depende de um processo de inclusão e desenvolvimento que ampliem os horizontes da criança e permitam que use ferramentas novas de comunicação. O professor que trabalha com crianças com TGD precisa ter acesso as metodologias que ampliem as possibilidades de comunicação com estas crianças. E estas crianças precisam de um olhar especifico e não comparativo, respeitando seus limites e suas aceitações aos incentivos a comunicação. A escola deve favorecer a aprendizagem e esta aprendizagem "escolar" abre portas para outras aprendizagens. A criança mostra seus caminhos de aprendizagem e o educador precisa ter um olhar observador mediador para a relação com a criança. O sucesso desta relação depende, também, da segurança do educador em atuar de acordo com suas capacitação profissional, trazendo a teoria e a pratica em bastante consonância para obter sucesso neste processo.
Em alunos com altas habilidades, percebo que encontramos no diagnostico e no medicamento um alento ao ter "menos um" que "atrapalha". Seu rendimento muda bastante, em termos comportamentais e cognitivos. Mas seriamos muito ingênuas de pensar que este comportamento é satisfatório ou surte resultados nos alunos de altas habilidades, por exemplo. Aí nossa observação cotidiana das nuances de comportamento podem contribuir significativamente para o tratamento ou acompanhamento do aluno. Reconhecer que a medicação pode contribuir para a auto organização do aluno, mas ao mesmo tempo permitir que tenha suas habilidades livres para se expressarem, caracterizando sua personalidade e seu modo de atuar no mundo. Me preocupa o limite em que a utilização do medicamento anule sua personalidade, o torne mecanicamente "hábil" ao aprendizado e não mais signifique um desafio para os educadores em sala de aula.
Certamente convivemos com nossos dois lados no cotidiano da sala de aula: o lado que "estimula seus alunos a procurarem novas formas de investigar e desenvolver suas potencialidades e o que recrimina o aluno que pergunta e que confunde o jeito inquieto do aluno altamente habilidoso com hiperatividade e dá graças a Deus se ele tomar seu medicamento e ficar quietinho, sentadinho em sua carteira".
Um dia ou outro seremos o tipo de professoras que não desejamos; em alguns dias nos sentiremos fracassadas diante da nossa incapacidade de administrar os conflitos que nos chegam na sala de aula e os desdobramentos que poderíamos ter dado. Em momentos de força ou fraqueza, vivemos nesta profissão que nos exige equilíbrio emocional e sensatez psicológica para trabalhar. Muitas vezes o dia já foi salvo pelo aluno questionador, noutros, o mesmo o arruinou. E não devemos nos sentir fracassadas por isso. Somos humanas também e sujeitas a essas flutuações.
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