Um novo semestre se inicia. Em cada retorno faço este texto cheio de boas intenções que inspiram para o bom andamento do semestre. Neste não farei diferente e registrarei meus votos. Mas neste semestre percebo que os votos são em busca de maior tranquilidade para que possamos crescer. Fazemos tudo em solavancos, em desesperos, em sustos. Neste espaço, o crescimento e a reflexão ficam inertes perto dos prazos, dos limites e dos tempos que dedicamos para cada coisa que faz a nossa vida girar.
Hoje a temperatura mudou muito. Ontem estava bastante parecido com um dia de verão e hoje estamos, novamente, encasacados. No sinal de trânsito, com os filhos no banco de trás, observamos um homem sentado no chão, com poucas roupas e demonstrando muita serenidade. Não parecia ter frio, não demonstrava incômodo, não esboçava um momento ruim. Apenas segurava nas mãos uma revista. E Ao seu lado uma pilha de revistas. E nos seus olhos, a leitura da revista. E nas nossas mentes "Qual será a história de vida deste homem?"
Como uma pessoa mora nas ruas? Será que tem pais vivos? Esposa, filhos? Será que trabalhava? Será que tinha um cachorro? Onde morava? Quando nasceu? Como era sua vida antes de viver na rua?
Estas perguntas foram feitas por meus filhos, no banco de trás. Que encaravam essa realidade tentando compreendê-la. E fiquei ali, sem respostas para todas elas. Apenas observamos. Abriu o sinal e seguimos.
E neste semestre vou seguir assim, às vezes terei respostas, às vezes seguirei sem respostas. Mas não deixarei de perguntar. E as pessoas que por nós passam, com suas histórias de vida, também não saberemos como chegaram onde estão agora. Talvez conheçamos algumas etapas, mas as histórias são muito complexas. E quando o "sinal abre" a nossa vida segue e ficamos sem as respostas que procurávamos.
Na nossa trajetória de professores/ pesquisadores/ investigadores focamos o olhar e afinamos os ouvidos para as histórias, para as construções e para o crescimento. Buscamos respostas, que muitas vezes, não são encontradas. E oferecemos nosso trabalho como ferramenta para a mudança da realidade, para o crescimento e para a vida.
Quando o sinal abrir, seguiremos. Pensaremos (ou não) nas histórias que cruzam nossos caminhos. Mas não cansaremos de querer saber e tentar responder.
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