Esta é a décima quinta postagem deste semestre. Por aqui acaba esta parte do curso, esta atividade semestral de alimentação do Portfólio de Aprendizagens. Não serão mais que quinze postagens dados os prazos que estão nas minhas costas, um a um, avisando que o tempo está se esgotando. É, particularmente, uma atividade que gosto. Sinto prazer e um alívio ao escrever, mas como toda atividade, requer tempo e tempo é uma questão de prioridade!
Neste semestre aprendi muitas coisas. algumas coisas da pior maneira possível: através da pancada, do baque, da imposição. Aprendi que a palavra 'FOCO" não significa importância ou prioridade, tampouco "olhar melhor". "Focar no aluno" foi, sem dúvida, a frase que marcou a nova gestão da prefeitura de Porto Alegre. Devo estar me tornando repetitiva em criticar essa nova gestão e seus decretos mas não consigo desvincular meu trabalho e minhas reflexões da situação que estamos vivenciando.
A qualidade da Educação é um tema que gera muita polêmica em diversos setores da sociedade. Muitos entendem (erroneamente) que a Educação é um setor do desenvolvimento do país que pode acontecer de maneira aleatória, que seu sucesso depende somente do rigor dos estudos, afinco dos estudantes, condições de infraestrutura das escolas e dedicação dos professores. Temos excelentes "profissionais" em Educação palpitando o que nos falta para que a Educação do país seja, efetivamente, de qualidade.
Em um país com alto índice de desigualdade social, a Educação de qualidade seria a que proporcionasse maior acesso (de maior número de pessoas) ao conhecimento, condições estruturais e de desenvolvimento. Neste sentido, estamos na contramão da Educação de Qualidade, dadas as circunstâncias políticas que temos e o sucateamento desmedido da educação e das políticas públicas que visam melhoria de acesso para toda população. Estamos perdendo a fé na Educação, na possibilidade de ascensão social e realização pessoal e financeira que ela viabiliza.
Temos, desde a educação infantil, educação básica e superior, uma assimetria (conjunto de desigualdades) que dificultam nosso trabalho de qualidade, nosso crescimento como nação e progresso das diferentes classes sociais e econômicas. No entanto, o financiamento da educação é uma política de valorização da educação, articulando uma educação com acolhimento, projeto pedagógico amplo e que garanta a permanência dos cidadãos na escola/universidade.
A valorização do professor é também uma ferramenta de qualidade na educação ao passo que lhe oferece condições de realizar seu trabalho com dignidade e qualidade. Precisamos buscar a qualidade na educação, sem esquecer que esta acontece através de infraestrutura adequada, laboratórios, pagamento de pessoal, recursos metodológicos, etc.
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Secretário Municipal de Educação, Adriano Naves de Brito, defendeu decreto do Executivo e ouviu muitas vaias e protestos de professores da rede municipal. (Foto: Guilherme Santos/Sul21)
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As condições de vida dos alunos e de suas famílias, seu contexto social, cultural e econômico e escola – professores, diretores, projeto pedagógico, recursos, instalações, estrutura organizacional, ambiente escolar e relações intersubjetivas no cotidiano escolar são dimensões que refletem na qualidade da Educação (DOURADO, 2007). Neste movimento de envolver a sociedade e o que ela quer como qualidade é que conseguiremos construir a Educação de qualidade que tanto buscamos (através do Conselho Escolar, construção do Projeto Político Pedagógico, participação da comunidade escolar nas decisões da escola, etc). Assim, a busca de uma boa infraestrutura é um dois fatores que contribuem para esta desejada qualidade e podemos equipar a escola com materiais adequados, laboratórios, projetos de aprendizagem através de financiamento como o PDDE e PDE. As dimensões, intra e extraescolares, devem ser consideradas de maneira articulada na efetivação de uma política educacional direcionada à garantia de escola de qualidade para todos ( DOURADO & OLIVEIRA, 2009). Entendemos, então que as dimensões intra escolares são os componentes que permeiam o cotidiano e construção da escola (alunos e de suas famílias, ao seu contexto social, cultural e econômico e à própria escola – professores, diretores, projeto pedagógico, recursos, instalações, estrutura organizacional, ambiente escolar). As dimensões extra escolares refletem as políticas públicas a que estamos sujeitos, os financiamentos, a sociedade e suas opiniões/ visões sobre a Educação e a qualidade que esta deveria ter/tem.
Se a nova gestão tem seu foco no aluno e na melhoria da qualidade da educação, está agindo por caminhos tortuosos e conturbados. Além disso, antidemocrático. Assim, conquistou a antipatia dos educadores, provocou nossa dignidade e atacou nossa reputação que foi construída em pilares que visam o desenvolvimento integral do aluno, seu bem estar e sua autonomia.
REFERÊNCIADOURADO, Luiz Fernandes, in Educ. Soc., Campinas, vol. 28, n. 100 - Especial, p. 921-946, out. 2007.
DOURADO, Luiz Fernandes; OLIVEIRA, João Ferreira de. A qualidade da educação: perspectivas e desafios. Cadernos Cedes, Campinas, v. 29, n. 78, p. 201-215, 2009.
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