Diversos materiais
que nos rodeiam podem se transformar em instrumentos de brincadeira,
construindo, criando, inventando o brinquedo e novas formas de brincar. Assim temos no "Caramba Carambola, o brincar tá na Escola". O
brinquedo, no Projeto Brincar, vai além do objeto que será manipulado, assume a
dimensão de objeto de criação, o qual a criança tem a liberdade de explorar e
inventar para si o seu momento lúdico, a sua brincadeira. Este brincar com
materiais alternativos, que fujam dos brinquedos tradicionais, é natural e
proporciona a liberação da criatividade. O Projeto brincar também se propõe a
criar uma ponte com as crianças que fomos um dia para compreender o que é a
infância, a brincadeira, através de experiências muito simples mas verdadeiras
na formação de professores.
É evidente a importância da brincadeira na
infância. Conhecer os seus limites e os limites do próprio corpo, interpretar a
realidade através de um momento lúdico e expor suas ideias com esses
instrumentos que chamamos de “brinquedos”. Gosto de conceituar os brinquedos
como instrumentos, como ferramentas que possibilitarão à criança a criação, o
encantamento e a construção da realidade. Seja um brinquedo “pronto” ou um
brinquedo “feito”, ambos exercem essa magia sobre a criança, e se fôssemos mais
flexíveis, muitas angústias dos adultos seriam sanadas através do brincar
também. Perdemos a autorização para brincar quando nos colocamos no mundo
adulto, como se não nos pertencesse mais. E nos frustramos diante de tantos
problemas e compromisso que temos como encargos. Se pudéssemos “nos autorizar”
brincar mais...
Brinquei muito, e ainda brinco com meus
filhos. Me autorizo, sim, esses momentos. Crio, invento e reinvento uma
realidade que, às vezes, precisa ser mudada. Quando criança, gostava muito de brincar de “mamãe
e filhinhas”, de “restaurante” e de “irmãs”. Eu e uma amiga inventávamos que
éramos irmãs, e vivíamos nossas aventuras e desventuras juntamente com nossas
“filhas” (bonecas que carregávamos com muito carinho juntamente com todo o
aparato que as “filhas” precisavam). Hoje, ambas mães, lembramos que aquela
brincadeira era muito semelhante ao que vivemos: rotina com muitos afazeres,
prazer em estar com os filhos, responsabilidade pelas coisas todas que cercam a
maternidade e a diversão que tínhamos e temos nestes momentos. Recentemente fui
surpreendida por meus filhos: ao juntar sucata em casa para atividades
escolares, deparei-me com o pedido deles para “brincar com a sucata”.
Inventaram tantas brincadeiras com caixas de ovos e tampinhas de garrafas pet!
Criaram boliches com garrafas e edifícios com caixinhas, recortaram, colaram,
inventaram e brincaram por um longo período naqueles materiais. Têm muitos
brinquedos, mas fizeram daquela brincadeira um momento único. Minha surpresa
não foi a simplicidade dos materiais, mas sim a complexidade do que criaram e
se permitiram ao manipular um material alternativo. Que possamos sempre
brincar, cantar, imaginar; com brinquedos criados ou prontos, mas que permitam
a invenção ou reinvenção da realidade.
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