terça-feira, 3 de novembro de 2015

"E aí, vai encarar?"

Fomos surpreendidos nesta semana que passou com um vídeo que circulou na mídia.  No vídeo, uma criança de sete anos aparece vandalizando uma das sala da escola na presença de professores que o filmavam. O video circulou com grande rapidez nas redes sociais, até 13h30 de quarta-feira (28), o vídeo tinha 4.299.967 visualizações no Facebook. 
O vídeo, sua divulgação, as ações observadas, as possíveis consequências de tudo isso foram amplamente comentados e pré-julgados em diversas mídias. No programa Fantastico (rede globo, 01/11/15), a reportagem mostra o relato da mãe do menino afirmando que se trata de um bom aluno, sem queixas anteriores, somente elogios por parte da escola. A professora entrevistada explica que a atitude do garoto foi desencadeada por finalizar uma atividade em determinado espaço e necessidade de retorno a sua sala de aula. Quem filmou o ocorrido não se apresentou, tampouco quem divulgou. Não observamos no video uma tentativa efetiva de tentar acalmar este aluno, um menino pequeno que diante de diversas testemunhas poderia ter sido acalmado, acolhido, chamado a uma conversa "olho no olho". Ao contrário, ouve-se ameaças de chamar a polícia e bombeiros. Nas redes sociais os comentários são pejorativos em relação ao menino. Enfim, diversas atos inconsequentes que expuseram esta criança a uma situação, até agora, sem explicação.

A escola atual está preparada para esta situação? Podemos conter um aluno com esta reação? Que tentativas de aproximação podemos ter nestes casos? Quem se importou com a preservação da integridade da criança no seu ato de violência? E sua reputação, sua auto-estima após toda essa repercussão?
Quando assisti o vídeo e toda a polêmica resultante, imediatamente me imaginei na situação. O que eu faria, e como faria? Podemos segurar uma criança neste caso? Podemos tentar acalmar ela por meio de um abraço? Devemos esperar o retorno ao estado normal para uma conversa? Ou tentamos conversar desde o primeiro momento? 
Não somos equipados com especialistas em psicologia nas escolas para nos auxiliar nestes momentos, tampouco temos orientação prática de como devemos agir. No máximo, tentamos nos proteger de futuras acusações que possam surgir, como tentativa de agressão ou abuso. Mas em um caso assim, diante de muitos observadores, diante de uma câmera, as medidas não poderiam ter sido outras? 

Segundo informações do site Uol, a direção da Escola Municipal Paulo Freire foi afastada após a repercussão do vídeo. A Secretaria de Educação de Macaé abriu uma sindicância para investigar o caso. Em nota, a Prefeitura informou que o aluno terá acompanhamento de profissionais e assistentes sociais irão acompanhar a rotina da criança. 
"O secretário de Educação, Guto Garcia, destacou que o vídeo confirma a preservação da integridade física do aluno e que não há registros na Secretaria de Educação de problemas anteriores com o estudante", informou a prefeitura em nota.

Para os educadores do vídeo, a questão é: “Quero saber com a assistência social, com a polícia, com os bombeiros: o que a gente faz com uma criança dessa”. Muitas vezes, nas escolas, ficamos nos perguntando "o que faremos com esta criança?" 
Nossa missão de educadores está muito além da sala de aula, do conhecimento, da construção da cidadania nas nossas crianças. Mas, estamos preparados?

Fontes:
http://educacao.uol.com.br/noticias/2015/10/28/professores-filmam-aluno-quebrando-escola-especialistas-comentam.htm

http://www.correio24horas.com.br/detalhe/noticia/video-mostra-menino-de-7-anos-destruindo-sala-de-aula-no-rj-direcao-da-escola-foi-afastada/?cHash=0727ccbf75f77d4029fed207814bf84d

Um comentário:

  1. Maria,
    Considero o tema apresentado como de “alta complexidade” e sinceramente não saberia como agir em tal situação. Talvez tentasse conter o aluno, mas o risco da incomodação é grande. Não vou julgar a atitude de filmar a situação, pois na hora do desespero talvez tenha sido a forma encontrada para registro e apresentar aos responsáveis pelo aluno, muitas vezes incrédulos do que ocorre no ambiente escolar.
    Nós, enquanto professores, agimos em sala de aula como mães, psicólogas, enfermeiras, cuidadoras, bombeiras e por fim, quando sobrar tempo, auxiliamos na construção do conhecimento.
    De fato, para muitas questões que se apresentam em nosso cotidiano não me sinto e não fomos preparadas, acabo agindo instintivamente, me colocando na situação de mãe e pensando sempre em minha filha e meus sobrinhos, em como gostaria que agissem e resolvessem a situação, nestes casos é necessário afeto e pulso firme (penso eu), no entanto muitas vezes podemos tomar alguma atitude que pode ser mal interpretada tanto pelos responsáveis pelo aluno como pela secretaria de educação.
    Uma coisa é certa, temos visto com muita frequência estas situações de conflito em sala de aula e para tentarmos agir de forma correta ou menos danosa se faz necessária orientação.
    Abraços

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