terça-feira, 23 de maio de 2017

PROFESSORES DOENTES

Não são raras as vezes que encontramos colegas de profissão doentes. Doenças que causam dor física ou psicológica, acometendo nossa qualidade de vida e nosso rendimento profissional. 
Não temos, em nossa profissão,um suporte para as doenças relacionadas com os transtornos de ansiedade, depressão,pânico ou outros sintomas de quem lida com dificuldades de relacionamentos constantes. Encontramos em nossas rotinas a alegria do aprendizado, mas também temos muitas frustrações e dores ao ter choques de realidade com os problemas dos alunos. Indisciplina, enfrentamento, alunos desafiadores e opositores estão entre os maiores geradores de estresse nos professores. Também podemos citar a elevada carga de trabalho e a falta de cuidados com a própria saúde. Além do trabalho exaustivo nas escolas, muitas vezes prosseguimos com a carga de trabalho em casa ao corrigir provas e elaborar aulas. Como a maioria são mulheres, some a tudo isso ainda a sobrecarga do trabalho doméstico que realizamos, além do trabalho nas escolas.
A sobrecarga de trabalho caracteriza-se por jornada intensa e exigência de realizar várias atividades simultaneamente: dar aula, corrigir provas, preencher caderneta, planejar, entre outras, além do trabalho levado para casa. O acúmulo dessas responsabilidades torna-se vivência de fadiga física e mental que ameaça a saúde dos professores. Diante das pressões existentes na organização do trabalho, os professores podem apresentar um conjunto de sentimentos que envolvem angústia, desgosto, raiva, desesperança, desmotivação, cansaço e estresse. A presença desses sentimentos dá lugar à vivência do sofrimento psíquico na atividade docente. Transtornos mentais comuns, duradouros ou transitórios, podem afastar o professor de suas atividades (PORTO et al, 2006).
Perante a sociedade os professores são vistos quase como "sacerdotes" possuidores de um "dom". Isso faz com que o trabalho e sua remuneração sejam diminuídos ou subestimados. Nossa postura profissional fica, muitas vezes, contida sob um espectro de profissão benevolente e caridosa. Reajustes salariais sempre são negociados sob forte pressão e as ameaças (estado atual) de parcelamento ou atraso de salário ressaltam a situação estressante da profissão.
Temos formação para exercer nossa profissão: somos profissionais exercendo seu trabalho. Nossas dores surgem pela natureza da atividade (muito mais evidenciadas nos tempos atuais). Não temos o "dom", temos muito planejamento e discussões de métodos para construir o conhecimento com os alunos.
Que nossas dores não sejam ignoradas. principalmente por nós mesmos.

REFERÊNCIA:
PORTO LA, Carvalho FM, Oliveira NF, Silvany Neto MA, Araújo TM, Reis EJFB. Associação entre distúrbios psíquicos e aspectos psicossociais do trabalho de professores. Rev Saude Publica. 2006;40(5):818-26. DOI:10.1590/S0034-89102006005000001

2 comentários:

  1. Olá Maria!!
    Muito boa postagem, se tem muito a preocupação com o aluno, o que é muito importante, mas o professor também precisa de um olhar atencioso.
    Para qualificar tua postagem sugiro completar com o embasamento teórico que te auxiliou na reflexão.
    Att,
    Tutora Rocheli

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  2. Na escrita do blog, por vezes, escrevemos informalmente sobre o que vivenciamos. Mas também consultei material, pois era este o assunto do Trabalho de Psicologia da vida adulta. Agora está completa a postagem. Obrigada pela observação!

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