Tenho lido bastante. Muitas leituras que investigam meus questionamentos sobre a questão da identidade ou autoimagem das crianças e adolescentes. Como professora de pré-adolescentes e adolescentes, ouço e vejo, todos os dias, alguns deles manifestando posições negativas sobre suas pessoas. Isso ocorre tanto no sentido físico (corporal) como no sentido intelectual social e no que abrange suas capacidades. Como entusiasta que sou, sempre rebato esses pensamentos. Eles percebem a importância do que falo, mas não se convencem de que a imagem positiva que eu destaco pertença a eles.
Hoje me subsidio no artigo "Desenvolvimento do auto-conceito físico nas crianças e nos adolescentes" (FARIA,2005) onde estas questões são muito bem tratadas e explicadas. Em diversos momentos da leitura identifiquei meus questionamentos e a problemática que identifico entre os alunos.
Percebo que quando se descrevem, muitos jovens trazem indícios que extrapolam suas características físicas, denotando que apresentam um certo amadurecimento que possibilita extrapolarem suas questões descritivas das questões concretas para as questões abstratas também: seu rendimento escolar, ansiedade, resultados nas práticas esportivas e questões familiares. Assim penso que, quando se caracterizam fisicamente negativamente, incluem esses outros fatores em suas descrições, complementando um quadro generalizado de baixa autoestima ou estigmatização. A aparência física, ou domínio físico, é a maior contribuição na definição da auto-imagem nas crianças e adolescentes contribuindo diretamente como fator de ajustamento psicossocial do indivíduo. Posteriormente desenvolvem conceitos em diferentes domínios: como filhos, como alunos, como colegas, namorados, atletas. E depois dessa segmentação inicia-se a formação de um self único, que englobe esses papéis, em um processo de introspecção, questionamentos e formação de hipóteses sobre si mesmos (HARTER, 1993).
Assim, as questões de participação em modalidades esportivas torna-se um fator bastante forte de investigação entre os alunos, já que não havia antes pensado nesta alternativa de alteração das percepções, ou de constatação de benefícios desse domínio entre adolescentes que não apresentem imagens negativas sobre si mesmos.
O artigo contribui fortemente para minha reflexão de alternativas de mudanças de perspectivas entre esses jovens:
"Portanto,
e em síntese, podemos afirmar que quanto mais profundo for o conhecimento do sujeito
acerca da sua competência e aparência físicas, mais fácil se torna a
auto-avaliação das suas potencialidades e limites, logo, mais fácil se torna a
mudança e o reconhecimento do valor pessoal neste domínio: assim sendo, a
prática de atividade física pode alterar o auto-conceito físico num sentido
positivo, influenciando, neste domínio, a motivação, a persistência e a
concretização de objetivos pelos sujeitos".
Sigo investigando e pensando, pois que o assunto me convida fortemente a refletir diariamente com os alunos. Ter a questão de investigação em frente aos olhos, ao alcance "das mãos" é um tesouro que não pode ser desprezado.
REFERÊNCIAS:
FARIA, Luísa. Desenvolvimento do auto-conceito físico nas crianças e nos adolescentes. Análise Psicológica, v. 23, n. 4, p. 361-371, 2005.
HARTER, S. Self and identity development. In S. Shirley Feldman, & Glenn R. Elliott (Eds.), At the treshold. The developing adolescent (pp. 352-387). 1993.
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