Nesta segunda semana de estágio,
e de bastante cansaço, e de muitas tarefas pendentes em diversos âmbitos da
vida, minha autoestima não é mais a mesma. Neste processo de adquirir uma ocupação
extra em minha rotina, a qual não incluo minhas horas de trabalho, aprecio o
processo de desestruturação psicológica. Além disso, a conjuntura externa da
nossa sociedade não contribui muito para nossa confiança como antes, estamos em
franco fogo cruzado de ideias totalmente opostas, conflitantes e que ameaçam
uma série de construções que tínhamos como humanos, como cidadãos, como
brasileiros.
Mas, ademais estes fatos,
nesta semana propus uma atividade para os alunos da turma em que estagio, uma
T3 EJA, correspondente ao quarto ano. Nesta atividade, construiriam uma ilustração
de um poema do autor que é trabalhada neste ano na escola. Discutimos sobre o
conceito de ilustração, modos de ilustrar, materiais diversos que são utilizados
e a importância da ilustração em uma obra, complementando o trabalho literário.
A questão é que os alunos,
mesmo compreendendo o poema, mesmo conhecendo ilustrações, mesmo imaginando o
que gostariam de ilustrar, repetiam diversas vezes: “mas não está bonito”, “mas
não sei fazer”, “está bom assim?”. O tempo todo minha posição era de
encorajamento, ressaltando que a ilustração era um trabalho muito particular e
que não haveria “feio ou bonito”, “certo ou errado”. Naquele momento era cada
um expressando seu sentimento sobre o poema através da imagem construída.
Observo que as questões de confiança
e apreciação de si mesmo são bastante presentes entre estes alunos, muito mais
evidentemente marcantes do que os alunos das turmas regulares, os quais já
observava isso. A auto-estima e autoconceito são indubitavelmente um dos
assuntos que circundam hoje a educação brasileira. Autoconceito e a auto-estima
refere-se à representação da avaliação afetiva que a pessoa tem se suas
características em um determinado momento. O autoconceito é a percepção que a
pessoa tem de si mesma. Já a auto-estima é a percepção que ela tem do seu
próprio valor (ALVES 2009).
Assim, vejo que neste
momento posso observar melhor estas questões que cercam a disposição dos alunos
para se verem como merecedores de respeito e vitoriosos de ali, naquelas
classes à noite, estarem em busca de novos horizontes para si. Tantas histórias
os trouxeram e tantas histórias os afastaram da escola. E agora, deveriam ter
uma autoimagem muito fortalecida, pois superaram a primeira barreira: estar
ali. E não percebem isso, infelizmente.
REFERÊNCIA
ALVES, L. M. S. A. Intervenção psicopedagógica: auto-estima e a dimensão
afectiva entre professores e alunos. In: Actas do X Congresso Internacional Galego-Português de Psicopedagogia. 2009. p.
4486-4496.
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