As teorias de aquisição e desenvolvimento da linguagem abordam
diferentes aspectos dos indivíduos e suas interações com o meio. Na disciplina
de Linguagem e Educação, estas teorias foram revistas e sintetizadas, assim
como discutidas.
Piaget estabelece relações recíprocas entre linguagem e pensamento,
apontando as relações entre as manifestações das crianças (suas falas) e suas
interferências no plano da construção do símbolo: “o símbolo é a precisamente a
expressão da necessidade em que se encontra o espírito de projetar seu conteúdo
sobre os objetos, à falta de consciência de si, enquanto que o progresso
operatório está necessariamente ligado a um desenvolvimento reflexivo que leva
a esta consciência e dissocia assim o subjetivo da realidade exterior”.
A
linguagem não comparece, em Vygotsky, em sua dimensão puramente instrumental,
mas assume um lugar central na própria estruturação e organização do
pensamento: “A linguagem não serve como expressão de um pensamento pronto. Ao
transformar-se em linguagem, o pensamento se reestrutura e se modifica. O
pensamento não se expressa, mas se realiza na palavra”.
Wallon sustenta que a aprendizagem da linguagem promove um tipo de funcionamento
em que a linguagem se antecipa ao conhecimento e à compreensão. Para o autor, a
linguagem não se reduz a uma simples coleção de etiquetas das quais a criança
extrairia noções que ela já consegue conceber realmente, pois “através do
vocabulário e da sintaxe, ela tem, em potencial, um mundo de relações, de
afinidades ou de oposições, que precedem o momento no qual ela receberá de sua
aplicação a situações ou a objetos determinados, significações precisas”.
Chomksy defende que as crianças nascem pré-programadas
para adquirir a linguagem e podem construir hipóteses sobre a língua em que
estão imersas. Sua proposta procura dar conta da competência e criatividade do
falante. Hoje em dia, outros argumentos são também invocados a favor de uma
hipótese inatista, defendendo que a faculdade da linguagem não é um módulo da
cognição.
Skinner
e seu Behaviorismo Radical, no sentido de básico e essencial, afirmou que o aprendizado
linguístico é análogo a qualquer outro aprendizado (todo o
comportamento/aprendizado - lingüístico ou não - é visto como aprendido por
reforço e privação). Considerando a aquisição desse modo, o behaviorismo acaba
recaindo num processo indutivo de aquisição, porque considera somente os fatos
observáveis da língua, sem preocupar-se com a existência de um componente
estruturador, organizador, que possa estar trabalhando junto com os dados
(experiência) na construção da gramática de uma língua particular.
Nestas revisões, nossas hipóteses são desafiadas a serem reelaboradas
constantemente. É inerente que, a cada vez que retorno a este estudo, reformule
minhas próprias ideias e reestabeleça novas possibilidades para compreender a
linguagem. O importante é estar em constante movimento, pronta para as “dúvidas
permanentes e as certezas provisórias” da vida.
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