Nas disciplinas de Organização e Gestão da Educação e Organização do Ensino Fundamental, discutimos e trabalhamos os conceitos de gestão e suas características. Pensando no modelo de gestão democrática (e este seria o modelo desejado para a construção da Educação que acolhe os anseios da sociedade atual), vemos que nossas tentativas por ter as características dessa gestão em nossas organizações é, muitas vezes, uma utopia.
As relações horizontais são um verdadeiro desafio nos processos organizacionais, em todos sentidos. Pensamos que é um modelo ideal de decisão e gestão de pessoas e ambientes, mas gera uma série de conflitos e até pode dificultar o processo decisório. A parte dificultosa é tanto para o gestor quanto para as partes gestadas. Porque, penso, que as pessoas confundem a horizontalidade com a livre e deliberada opinião sobre os assuntos de forma desfocada e, por vezes, egoísta; assim, torna-se um processo dificultoso, demorado e com muitos conflitos. Digo que seria o modelo ideal por levar em consideração as reivindicações de todas as partes envolvidas e a partir destas, o processo decisório seria tomado. Mas nestas construções, muitas vezes as pessoas se perdem e não conseguem ver o coletivo como parte importante deste processo. Assim, o gestor fica no meio de uma série de alternativas, perdido, sem conseguir construir coletivamente e horizontalmente as decisões necessárias, já que estas tencionam para diversas partes. É desafiador. Fossem sempre possíveis, as decisões horizontais seriam o reflexo das reivindicações de professores, alunos, pais, funcionários e toda comunidade escolar. Muitas vezes, não são possíveis essas tomadas de decisão (ou não há vontade de que estas sejam possíveis).
O gestor e a gestão democrática: por sua posição de gestor, muitas vezes terá de exercer seu papel de representante da Instituição de maneira autoritária, quando os interesses coletivos competem ou conflitam com as pressões que os gestores sofrem pelas Mantenedoras. O exemplo nítido dessa situação encontra-se no posicionamento de muitas equipes diretivas frente ao decreto da adoção da nova rotina escolar no Município de Porto Alegre. Pressionados, e cientes das perdas que os alunos sofrem com a nova rotina, direcionaram as negociações para que a nova rotina fosse adotada, dadas as dificuldades de gestão e organização que se impõem às escolas que não se enquadraram. Mesmo que a comunidade seja contrária, muitas escolas aderiram. Nesta circunstância, a posição autoritária, disfarçada de democrática, prevaleceu. Infelizmente.
Identifico mais características da gestão democrática-participativa na escola em que atuo, embora em algumas situações os gestores atuem de forma técnico-científica. A defesa de uma forma coletiva para tomada de decisões é predominante na escola, assim como não exclui a necessidade da coordenação mesmo sob a presença da gestão participativa.
REFERÊNCIA
LIBÂNEO, José Carlos. Organização e gestão da escola: teoria e prática; 6ª edição, São Paulo, Heccus Editora 2013
Olá Maria!!
ResponderExcluirMuito boa tua reflexão, temos um longo caminho para uma gestão democrática, mas com a participação de todos é possível.
Att,
Tutora Rocheli