quarta-feira, 14 de junho de 2017

E SEGUE O DESMONTE...

Desde o início do ano letivo de 2017 os professores da Rede Municipal de Ensino de Porto Alegre vem recebendo "novidades" implementadas pela gestão do novo Prefeito. Com autoritarismo e intransigência, decreta as mudanças e negocia nossos direitos em troca da adesão às tais mudanças. Iniciamos o ano sem nossa habitual vontade motriz, apedrejados por acusações e humilhações que não são ditas com tanta veemência para outros cargos do funcionalismo público. Nossos planejamentos anuais foram feitos quase individualmente, não pudemos pensar em ações coletivas, tampouco temos mais nosso horário semanal de articulação nas escolas (suprimidas as reuniões de professores). As informações sobre a escola e alunos, bem como trabalhos que estão em andamento são, agora, anunciados via mural ou individualmente para cada professor. A reunião semanal, que para muitos parecia ser desculpa para "liberar alunos e professores saírem mais cedo", ou "espaço para os professores ficarem falando bobagem" ou ainda espaço para que "ficassem livres dos alunos" era/ é um momento crucial para o desenvolvimento dos trabalhos de qualidade que desenvolvemos na escola. Não eram momentos, sequer, parecidos com os mencionados nas aspas acima. Eram momentos de articulação, de sintonia, de planejamento e discussão.
Aderimos (ou fomos obrigados a aderir) à nova rotina escolar que, entre tantas perdas para os alunos e para a escola, nos dá de presente a perda da coletividade e também enfraquece a democracia, abafa as luzes que antes elucidavam as questões e prioriza os pensamentos individuais.
Ontem, fomos surpreendidos com outra novidades: nossa equipe diretiva era composta por diretor e duas vice-diretoras. Uma delas será retirada do cargo porque a escola não se enquadra nos critérios de mais de 1100 alunos. Atendemos os três turnos da escola e ainda contamos com turmas integralizadas. Estas três pessoas atuando em conjunto garantem que a escola permaneça com seu bom funcionamento e tenhamos as demandas básicas atendidas. Uma dessas vice diretoras retornará às suas funções originais. Desarticula, desmobiliza, desestrutura: os três "Ds" da gestão Marchezan.
Com isso, cremos que a prefeitura terá uma economia "significativa" ao não precisar pagar as gratificações que tais cargos oneravam (não vamos discutir aqui as absurdas gratificações dos cargos de confiança que a prefeitura tem).
Em muitas escolas há falta de professores e novos professores concursados esperam um chamamento para assumirem seus cargos do último concurso ainda vigente. Com isso, também vemos a "economia" que a prefeitura pensa que vai salvar a nossa situação econômica.
Adriano Naves de Brito, nosso secretário de Educação, em 2016 escreveu "Gente aprende é com gente e para ensinar gente é preciso gente...A razão para isso é que a profissão exige uma heurística humana, quer dizer, a capacidade, que nos é típica, de solucionar problemas por meios aproximativos, avaliativos, intuitivos e calibrados por resultados empíricos e não por algoritmos exatos, o que está na base da dificuldade de realizar a tarefa por via inteiramente computacional."
Infelizmente, o escritor esqueceu-se de seus princípios e ideais, transformando nossa educação em um aglomerados de robôs desarticulados e individualistas, máquinas de educar, desprovidas das capacidades que menciona no texto como "heurística humana". Precisamos de GENTE para educar, concordo. Precisamos de PROFESSORES para que a EDUCAÇÃO mude. Mas também precisamos lembrar que pessoas são feitas de conhecimento, histórias e competências que vão além do registro do cartão-ponto, que escolas não são depósitos de crianças e que Educação se faz, sim, com DEMOCRACIA. Volta para a escola, professor.
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"Metropolis" (1927), de Fritz Lang. Uma reflexão tão atual que parece um enredo dos dias de hoje.







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