domingo, 23 de outubro de 2016

Inspirando Meninas, empoderando Mulheres

Hoje encontrei uma notícia. Se é uma novidade, não sei ao certo. Mas para mim foi! 
Com muito medo de me tornar repetitiva neste espaço e temática, mais uma vez retorno ao ponto da desigualdade de gêneros. E as mulheres, com todo seu poder e inteligência, são colocadas em lugares inferiores aos homens. E as meninas que crescem vendo esta desigualdade, entendem que, por mais que façam, serão sempre "apenas menininhas". 

As meninas devem deixar de ser "menininhas"? De maneira alguma. Todas os adjetivos que atribuem às "meninas" podem ser usados, desde que não as inferiorize ou desqualifique. São bonitas e vaidosas (mas não são somente isso), verdadeiras "flores em nossos jardins" (mas não são frágeis e indefesas), princesinhas que gostam de cor-de-rosa e lilás (podem gostar da cor que quiserem e não estão à espera de príncipes), "devem se comportar como uma menina" (desde que este comportamento abranja tudo o que ela desejar fazer, sem impedimentos por ser uma menina). Enfim, as "qualificações" são diversas e infinitas.
No site  http://www.garotasgeeks.com/livros-infantis-mostram-mulheres-que-fizeram-historia-na-ciencia-e-inspiram-meninas/ há informação sobre uma coleção de livros que trata de mulheres de todos os períodos que fizeram grandes descobertas e foram importantes para a ciência, falando sobre sua história e seu trabalho.
O objetivo é desconstruir a velha concepção de que a Ciência é masculina. Muitas mulheres fazem/ fizeram a Ciência. Muitas, ainda (mesmo), permanecem sob os nomes de seus colegas de pesquisa. 
Podemos querer ser princesas e pesquisadoras, ou não ser nada disso. O importante é que as mulheres POSSAM escolher seus caminhos, traçar suas histórias de acordo com seus desejos e que NENHUMA atividade seja "demais" para uma menina.

No tempo que não temos!

Formalmente trabalhamos com o tempo em sala de aula como uma questão estipulada em que nos enquadramos e assim, também, nossos alunos. Sim, temos conteúdos para “vencer”, temos uma lista de conhecimentos que constituem determinada fase da escolarização que nos obrigam a cumprir uma espécie de meta, uma etapa a ser cumprida, um degrau a ser alcançado por nós e pelos alunos. Ao mesmo tempo, lidamos com a sala de aula que não parece entender este tempo que tentamos enquadrá-la. A sala de aula a que me refiro é o conjunto de alunos, suas histórias, os conflitos, as dificuldades e as relações interpessoais ali estabelecidas. Mesmo que tenhamos nossa velha prática de enquadramento do tempo/pessoas, as linearidades não nos permitem atuar dessa maneira pré-moldada que a “lista de conteúdos” nos demanda/ solicita.
Por vezes, uma turma precisa desenvolver outras habilidades que não se enquadram nos nossos planejamentos prévios, nas “listas” que planejamos nas reuniões de planejamento das disciplinas. Por vezes, conflitos que surgem precisam de uma intervenção diferente da pensada “aula tradicional”. Muitas vezes, o currículo oculto tem sua voz muito mais evidente, e as atividades ditas “sem valor pedagógico” (vistas externamente) acrescentam muito mais riqueza de aprendizado.
As necessidades não se enquadram, as pessoas não se enquadram. Os comportamentos não são líquidos e não se acomodam facilmente em qualquer modelo recipiente que tentemos contê-los.


sexta-feira, 14 de outubro de 2016

Nosso Currículo de cada dia

Na escola o currículo ainda existe. É bom que exista? É necessário? Abrange nossas necessidades atuais na escola? São muitas as questões de discussão sobre ele, seu significado e a repercussão de segui-lo formalmente ou não em nossas práticas.
Hoje a vivência demosntrou que o currículo existe e que pode se mostrar de outras formas. Nesta minha caminhada como professora ouvi um experiente colega falando sobre o "currículo oculto". Estava vivenciando um desses momentos em que o currículo oculto explicita toda sua importância e não havia percebido como isso poderia ser importante nas minhas aprendizagens.
Era um torneio na escola, comemorativo ao Dia das Crianças. Professores de Educação Física engajados em organizar tudo, confeccionar medalhas, formar times, recrutar os jogadores. Os professores das outras disciplinas, hoje, participaram auxiliando na boa convivência da torcida, no socorro dos feridos, na organização das turmas...e na aproximação do aluno em um ambiente em que não estamos acostumados. Ali sentados observando tudo, vimos nossos alunos em outra perspectiva, em outra atuação. "Aquele bagunceiro, olha como ele está participando!" "Estamos fazendo algo errado, olha como o aluno está engajado! Não dá para querer ensinar para ele, ele gosta de estar assim, ativo!"
Nestas falas e observando tudo, ouvindo sobre o currículo oculto, percebi que o papel daquele momento ia além do Torneio Comemorativo. Estávamos vendo a capacidade dos alunos em socializar todas nossas práticas de sala de aula. Víamos na conduta deles que aquele momento era, mais do que um jogo, era um momento de aprender também. As vozes do currículo oculto, os resgates que observamos nos pequenos detalhes e as mudanças de atitudes que significam mudanças de vidas estão ali, diante de nossos olhares e atrelados às nossas práticas
Observando o aluno que em sala de aula é inquieto, indisciplinado, desafiador e pouco acessível à práticas pedagógicas em plena atividade na partida de handeball, auxiliando o professor na marcação de pontos e faltas, percebemos que nossos conceitos sobre sua aprendizagem estão limitados. Ele está sim desfrutando os saberes da escola. Sim, há importância em nosso trabalho em sua vida (mesmo que, diariamente nos perguntemos "o que ele vem fazer na escola"? Há mudanças em sua vida nas atividades que vivencia no ambiente escolar. 
O currículo oculto, não é oculto apenas aos alunos, aos professores (muitas vezes) também é!