quarta-feira, 25 de maio de 2016

Menina ou Menino?

Tenho tido dificuldade em escrever neste blog. Aqui devem ser registradas as aprendizagens, as reflexões acerca do nosso curso, as ações concretas que realizamos, os projetos, enfim, registros de coisas interessantes e inerentes ao curso de Pedagogia. Estar em casa, afastada das aulas presenciais e da atividade docente por conta da licença maternidade tem sido um desafio. Neste delicioso e trabalhoso período da vida, escrever sobre tudo isso que mencionei não flui naturalmente como fluía antes do nascimento da filha. Mas, nesta semana, recebi um video que me remeteu a uma situação doméstica e também relfete nas questões que temos nas escolas. 
O  vídeo Inspiring The Future - Redraw The Balance mostra uma mulher em classe propondo que os alunos desenhassem bombeiros, pilotos de avião e cirurgiões, como imaginavam que seriam. Lembrando sempre que no idioma do vídeo as profissões não têm gênero.   Teacher, firefighter, pilot, surgeon serve pra ambos os sexos. Na nossa língua, usamos, muitas vezes a terminação "a" ou "o" nas profissões. Talvez se fosse na língua portuguesa, poderíamos dizer que as crianças foram "influenciadas" pelo gênero que a palavra em si é denominada (sempre masculino). No entanto, a experiência demonstrada no video nos mostra que os estereótipos de gênero já existem nas crianças.
Mas e a questão doméstica que mencionei anteriormente? 
Bem, tenho dois filhos meninos e agora nasceu a menina. Durante a gestação, conversando com os meninos (de 4 e 6 anos) observei que tinham a constante preocupação com os brinquedos que estariam disponíveis no quarto para a irmã. Quando souberam que teríamos uma menina na família a decepção deles foi porque não teriam mais brinquedos "de meninos" adicionado ao seu repertório. A notícia da menina em suas vidas caiu como uma bomba: "então teremos bonecas no nosso quarto?" "Onde colocaremos nossos carrinhos, dinossauros, super heróis e legos se ela vai colocar bonecas?" 
Foi assim que percebi que já tinham estabelecido em suas vivências os estereótipos do que é "de menina" e "de menino". 
Trabalhei com eles muito a questão de que eu (a mamãe, portanto, "uma menina") brincava com eles de carrinhos, dinossauros, legos, jogos, heróis e gostava muito. E que eles, por sua vez, ajudariam a cuidar da irmã para aprender como é cuidar de um filho. Que muitas vezes estão na cozinha nos ajudando nas tarefas da casa (que são vistas como "de meninas"). Fizemos muitas suposições a eles sobre como ela poderia brincar com eles e eles também com os brinquedos dela quando fossem adicionados ao quarto. 
O enxoval da bebê é rosa, confesso. O deles, azul. Não por falta de opção, mas por oportunidade mesmo (as possibilidades de roupas e acessórios nas cores "de cada sexo" são mais vastas e fáceis). Compartilham o mesmo quarto e por um bom tempo assim será. Mas teremos sempre a preocupação de que não se privem ou fixem à ideia de que há coisas pré determinadas para cada sexo. Quero inspirá-los para que tenham em mente de que podem ser/ fazer o que quiserem, independentemente dos estereótipos.
A vivência do vídeo aborda este ponto: mulheres também podem ocupar posições que eram tida somente como "masculinas". Mulheres podem ser o que elas quiserem. Meninas têm a chance de escolher suas atividades, não há limites para tal! Meninos também!!!
Temos o dever de trabalhar isso na escola, nas famílias, na sociedade. Temos o dever e o direito! E mostrar que as capacidades de realizações ou intelecto não estão definidas no sexo dos indivíduos. 
Brinquedos "de meninas"?

Meninas (ou mulheres) só podem limpar, lavar, cozinhar e têm a obrigação e "utilidade" de ser belas? 
Por quê estes brinquedos não apresentam cores variadas, somente as cores que todos chamam "de meninas"? E afinal, quem definiu que estas cores são "de meninas"? 
A discussão é vasta e nossas oportunidades de discussão também!  
 


Enfim, não mudei a decoração do quarto. Há nele, elementos "de meninos" (caracterizo assim em função da discussão) e elementos "de meninas" serão adicionados também. A convivência e interação será livre e buscaremos oportunizar que tenham acesso a brinquedos que não designem para que sexo "servem". 
E que cresçam conscientes de que a vida é para ser vivida da maneira que gostarmos, fazendo o que gostamos, livres dos estereótipos. E que as crianças não mais se espantem com a possibilidade de ver uma  bombeira, uma pilota e uma cirurgiã!
Por hoje é isso, pessoal! Abraços!



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