segunda-feira, 25 de abril de 2016

Brincando de Brincar



    Brincar é crescer. Desde o início, quando apenas manipulam os objetos (brinquedos) em busca de texturas, formas, sons e cores diferentes, os bebês demonstram prazer na ação. Mais tarde, evoluem para um contato imaginativo com os brinquedos. Depois aprendem a lidar com os jogos e situações hipotéticas. Assim, penso que brincar faz parte do desenvolvimento psíquico e físico dos humanos (e dos outros animais também). Na brincadeira, somos capazes de imitar a realidade, simulando esta ou transformando-a em algo desejável. Crescemos intelectualmente com as brincadeiras.
Pensando no “brincar”, voltei no tempo. Eu brincava de "mamãe e filhinha", simulava que as levava ao médico, passeava, fazia comidinha, viajava (e elas tinham, inclusive, MUITA bagagem). Hoje vivo isso na prática (rsrsrs). Também brincava de professora. Gostava também das brincadeiras clássicas (pega-pega, esconder, amarelinha, pular corda, bicicleta), mas as brincadeiras de imitação ou projeção da vida adulta me foram muito marcantes. Enfim, brinquei tanto que virou realidade!
Quando perdemos este "direito" de brincar? Como podemos continuar nosso crescimento através das brincadeiras? Sentimos tanta falta e não recorremos aos nossos instintos mais antigos para saciar, talvez, tantas ansiedades e angústias da vida adulta. Não perdemos o "direito", apenas não nos damos a oportunidade de brincar!
Brincar é coisa séria! Seríssima! Quando vivenciamos certas experiências, fazemos conexões cerebrais que levam ao aprendizado. E na infância, todo aprendizado é válido: aprendem a lidar com as vitórias, as frustrações, os desejos, a alegria e a dor. Nas brincadeiras (principalmente coletivas) apresentam-se também facetas das personalidades dos outros (individualismo, agressividade, amorosidade, compaixão) e estas tornam-se essenciais ao conhecimento de como lidar com as pessoas. A criança entende na prática que o mundo também pertence aos outros.

Refletindo nisso tudo, lembrei da música Criança não Trabalha (Palavra Cantada). "Criança não trabalha, criança dá trabalho..." e seguem tantas palavras que formam a música ilustrando o universo infantil e as brincadeiras, principalmente. Leva à reflexão que o "trabalho" da criança é brincar (também fazendo alusão ao combate do trabalho infantil), e que as brincadeiras são seu modo de viver. Nela, diversas brincadeiras são mencionadas: 
            "Lápis, caderno, chiclete, pião
Sol, bicicleta, skate, calção
Esconderijo, avião, correria, tambor, gritaria, jardim, confusão
Bola, pelúcia, merenda, crayon
Banho de rio, banho de mar, pula cela, bombom
Tanque de areia, gnomo, sereia, pirata, baleia, manteiga no pão
Giz, merthiolate, band-aid, sabão
Tênis, cadarço, almofada, colchão
Quebra-cabeça, boneca, peteca, botão, pega-pega, papel, papelão
Criança não trabalha, criança dá trabalho
Criança não trabalha"
Podemos com ela, também, relembrar quantas brincadeiras as crianças da atualidade já não têm mais acesso. Infelizmente.

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