É perceptível que em nossa prática pedagógica os alunos
que são "encaminhados" para Educação de Jovens e Adultos (EJA) são alunos em idades muito
discrepantes da idade dos demais estudantes dos níveis de ensino diurno. Por
uma inadequação etária, em sua maioria, ou por apresentarem sucessivas
manutenções, necessidade de introdução no mercado de trabalho ou por ter
incompatibilidades pessoais com o ensino regular diurno alguns alunos são
encaminhados para que concluam seus estudos na EJA. Alguns
"indisciplinados" são "convidados" para EJA e, ao que
parece, passam a apresentar uma disciplina diferente da que apresentavam antes.
Outra parcela do público da EJA é formada por trabalhadores que destinam o
turno da noite para a continuidade de seus estudos e capacitação. Nesta
convivência, parece que os alunos "inadequados" ao ensino regular se
enquadram e passam a apresentar outros perfis de comportamento.
Certamente um
dos desafios da EJA seja a continuidade e sequência do desenvolvimento das
aulas, a frequência dos alunos e sua permanência no curso e, consequente,
conclusão.
É indiscutível que a questão etária é um fator
dificultante em nossas salas de aula, onde o planejamento é pensado para um
público e suas necessidades e, dentro do mesmo grupo, encontramos grupos de
alunos que não são contemplados da mesma maneira que os alunos na idade
regular, que abrange a maioria da turma. Assim são rotulados como “desinteressados,
bagunceiros, com pouca disponibilidade ao aprendizado”.
Creio que um fator importante para a prática
pedagógica na EJA seja uma aproximação do ensino com conceitos relevantes e
próximos ao cotidiano dos alunos. Ensinar para quem trabalhou o dia inteiro e
ainda ensinar com distanciamento, certamente, não é a maneira de cativar estes
alunos e garantir sua frequência e conexão com o aprendizado. Por apresentarem
grupos culturais bastante variados, os alunos precisam encontrar pontos de
conexão com a EJA, que os faça permanecer e concluir. Mais do que simplesmente
concluir seus estudos, os alunos da EJA almejam também convivência e empatia,
acolhida e entendimento de suas dificuldades para que prossigam e perseverem.
REFERÊNCIAS:
DE OLIVEIRA, Marta Kohl. Jovens e adultos como
sujeitos de conhecimento e aprendizagem. IN: REVISTA BRASILEIRA DE EDUCAÇÃO
SetOut/Nov/Dez 1999 n.º 12. Trabalho apresentado na XXII Reunião Anual da
ANPEd, Caxambu, setembro de 1999.
GUIMARÃES
VARGAS, Patrícia; CARDOSO GOMES, Maria de Fátima. Aprendizagem e
desenvolvimento de jovens e adultos: novas práticas sociais, novos sentidos. Educação
e Pesquisa, v. 39, n. 2, 2013.
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