sexta-feira, 15 de setembro de 2017

A CRISE DO PENSAR

Professores em crise: vivemos uma contradição permanente, onde o conhecimento tornou-se uma coleção de fragmentos que estão disponíveis para que os sujeitos, que deveriam ter sede de conhecimento integral, conheçam as partes e a partir destes fragmentos exprimam suas opiniões e conceitos sobre os assuntos. Nesta vasta oportunidade de comunicação que temos disponível na internet, a informação fragmentada nos parece bastante razoável ao nos trazer respostas prontas para nossas dúvidas imediatas. Caímos muito bem na rede que foi jogada e agora nos deparamos com um problema que é lidar com toda essa informação. Tanto quanto a informação disponível quanto a necessidade imediatista de nos apropriarmos de conceitos e emitir opiniões sobre eles.
Nas redes sociais, por exemplo, percebemos que as opiniões são deflagradas e muitas vezes defendidas ferrenhamente, em um comportamento hostil que dificilmente as pessoas apresentariam em uma conversa presencial. Também estamos sujeitos à exposição demasiada, onde vemos que a vida pessoal tem suas etapas descritas e publicadas em uma espécie de diário, que exibe com orgulho nossas melhores aventuras.
Em contraponto, também buscamos um sujeito que seja capaz de ter atitude frente ao saber, com humildade para construir seu próprio conhecimento, capaz de reflexão crítica frente ao seu próprio significado de estudar.
Nesta batalha travada, explícita ou implicitamente, vivemos em crise diante de uma sociedade em que "pensar e refletir" é quase uma contravenção. Ter a capacidade de se comunicar e agir de acordo com suas verdadeiras premissas é uma atitude de coragem. Nesta nossa contradição, mencionada de início, vivemos de um modo e idealizamos outro. Daí instala-se a crise de que falo.
E nesta propagação de informações, a uma velocidade espantosa, podemos destacar que há uma sociedade fragmentada e que necessita de uma orientação quanto a apropriação do conhecimento. Neste ponto penso que a crítica de Karnal encontre o "Ato de Estudar" e travem a batalha que é lidar com a informação nos nossos tempos. Enquanto a construção do conhecimento e a reflexão crítica são nosso desejos mais utópicos, a informação pronta e disponível, imediatamente, encontra-se sedutoramente "pronta" para sujeitos que necessitariam, cada vez mais, do exercício do pensar!

REFERÊNCIAS:
FREIRE, Paulo; FREIRE, P. Considerações sobre o ato de estudar. Freire P. Ação cultural para a liberdade. 7ª ed. Rio de Janeiro (RJ): Paz e Terra, p. 9-31, 1984.
Vídeo de Leandro Karnal: https://youtu.be/crlhoz7IVeY




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