segunda-feira, 19 de novembro de 2018

19/11 JOVENS NÃO ADULTOS E ADULTOS NÃO JOVENS.

Na experiência do estágio didático, no qual leciono no turno da noite em uma turma de Jovens e Adultos (EJA), deparei-me com situações bastante diversas daquelas que vivencio nas turmas regulares em que atuo no turno da tarde. O primeiro choque foi quando me vi em uma turma reduzida, mas não por isso, desinteressada. Bastante participativos e atuantes no âmbito de querer seu desenvolvimento e aprendizado, buscando naquelas aulas noturnas uma nova perspectiva ou uma saída para um ciclo que não mais desejam em suas vidas: do fracasso. No texto de hoje mencionarei três alunos: Uma de idade avançada e outros dois adolescentes. Na idade avançada (55 anos), a experiência de vida a traz para a escola em busca de oportunidades que “deixou escapar” ou que “não teve”, lhe foram “tiradas”. Na idade adolescente, a perspectiva é de que sua presença naquela turma é a consequência de atrasos que poderiam, sim, ter sido evitados fossem outros comportamentos, situações ou encaminhamentos dados àqueles jovens.
Nessa diversidade, retorno ao texto em que discutia a situação e caracterização da EJA no Brasil (JOVENS E ADULTOS EM SALA DE AULA). A prática da EJA é, de fato, um modo diferente de atuar, de olhar e de pensar o aprendizado e os próprios alunos. Devemos considerar essa particularidade no processo de ensino, bem como saber avaliar a aprendizagem dos alunos.
É heterogêneo o modo de pensar nessas práticas e focar em objetivos comuns, mas mesmo que estejam ali por trajetórias diferentes, têm metas finais claras e que não esmorecem. Embora o desânimo tome conta, e relatam isso, acreditam que estão onde deveriam estar, fazendo o que deveriam fazer, para seguir em frente e deixar a posição da inércia. “O adulto está inserido no mundo do trabalho e das relações interpessoais de um modo diferente daquele da criança e do adolescente. Traz consigo uma história mais longa (e provavelmente mais complexa) de experiências, conhecimentos acumulados e reflexões sobre o mundo externo, sobre si mesmo e sobre as outras pessoas. Com relação a inserção em situações de aprendizagem, essas peculiaridades da etapa de vida em que se encontra o adulto fazem com que ele traga consigo diferentes habilidades e dificuldades (em comparação com a criança) e, provavelmente, maior capacidade de reflexão sobre o conhecimento e sobre seus próprios processos de aprendizagem” (OLIVEIRA, 1999). Os jovens que venho convivendo apresentam um olhar mais otimista, mas também trazem consigo uma aura de “cansaço”, ou pela situação ou pela sensação de tempo perdido que já mencionam sentir. “Como o adulto anteriormente descrito, ele é também um excluído da escola, porém geralmente incorporado aos cursos supletivos em fases mais adiantadas da escolaridade, com maiores chances, portanto, de concluir o ensino fundamental ou mesmo o ensino médio. É bem mais ligado ao mundo urbano, envolvido em atividades de trabalho e lazer mais relacionadas com a sociedade letrada, escolarizada e urbana (OLIVEIRA, 1999).
É importante nestes sentimentos, encontrar pontos de acordo para que as aulas sejam voltadas para a aprendizagem deles, em qualquer faixa do desenvolvimento em que se encontrem. Que suas dificuldades sociais, culturais ou biológicas não sejam impedimento neste processo que se direciona para este público. A EJA é um momento oferecido para a educação, é uma oportunidade, um resgate e uma obrigação para com estes cidadãos.

REFERÊNCIA: