quinta-feira, 27 de setembro de 2018

24/09 OBSERVANDO E PENSANDO

Ontem fui observadora da turma em que atuarei como estagiária. Fui muito bem recebida pela professora titular e pelas alunas presentes. A sensação da observação foi estranha, pois estava naquela sala de aula, de noite, que foi a mesma sala em que eu estava no último período da tarde daquele dia. E observando a sala ali, me dei conta que nem parecia estar no mesmo lugar. 
Ingressei na sala e me acomodei logo atrás de uma aluna, que não pertencia "a turma, estava ali pela ausência da sua professora. Fiquei, por um tempo, olhando, pensando, escutando, imaginando as histórias que me trariam aquelas pessoas com tantas trajetórias de vida. Sei que os alunos das turmas regulares da tarde também têm suas histórias, mas os estudantes da EJA trazem consigo uma bagagem de vivências. 
A professora iniciou a aula conversando sobre assuntos diversos com os alunos, em um clima de espontaneidade. As alunas sentaram-se bem espaçadas, sem modificar a organização das classes das turmas diurnas (fileiras com classes em duplas).  As alunas conversavam entre si sobre o clima, sobre idas à igreja, passeios, etc. Mencionam com certa frequência "Graças a Deus, com a graça de Deus, recebi uma graça". Chamam a professora titular de "sora", " sorinha do meu coração".
A letra utilizada com a turma é script ou bastão. A turma não apresenta uma frequência constante, assim os projetos e trabalhos devem ser iniciados e finalizados no mesmo dia, pois há esta dificuldade na continuidade. As alunas presentes são bastante comunicativas e requisitantes à professora quando apresentam dúvidas. Dos cadernos observados, uma peculiaridade: as alunas não gostam de utilizar o verso das folhas do caderno que já foram escritas. Uma prática usual é o registro no caderno, onde investem grande esmero em realizar as tarefas e mantê-lo completo. Realizar atividades no caderno é uma forma de perceberem que "tiveram aula". E gostam muito desse registro.
De fato, eu não estava no mesmo lugar. Estava no lugar de observação, investigando. E a sala, em si, também não era o mesmo lugar, era um lugar de busca. Uma busca com muita sede e garra de aprender. Com suas dificuldades e histórias, os alunos que estão ali procuram mudança, crescimento e perspectiva de um mundo melhor. Uma sala de aula pode ser muitos lugares ao mesmo tempo.

segunda-feira, 24 de setembro de 2018

17/09 ONDE ESTÁ A PEDAGOGIA

Quando ingressei no curso de Pedagogia a Distância tinha comigo uma ideia diferente sobre "educação a distância". Foi necessário viver na prática esta metodologia para compreender a grandeza e profundidade dos estudos oportunizados, que não lembram a ideia inicial que eu tinha. Por muito tempo foram utilizadas muitas horas do meu dia nas atividades e leituras, mais horas das que escrevi em um planejamento focado em subdividir meu dia em parcelas para que fosse vislumbrada a real oportunidade de tempo que tinha nas 24 horas. 
Nesta perspectiva, e talvez expectativa, tinha comigo a constante presença dos conhecimentos teóricos em questões da sala de aula. E não poderia ser diferente, de alguma forma todo o processo e sua construção deveriam contribuir em minha prática docente (originalmente como licenciada em Ciências Biológicas). Sempre esperei e não perdi as oportunidades de empreender novos conceitos na prática que já executava. E ao ingressar no curso, isso era um critério: a garantia da vaga seria para professores atuantes em escolas públicas. Assim, sempre imaginei que esta exigência fosse, mais do que um critério, um campo de experimentação e ligação entre a prática e a teoria.
Neste semestre iniciaremos nosso estágio pedagógico. São 300 horas de estágio, divididas em 120 horas teóricas (planejamento, observações) e 180 horas de prática. Mas essas horas devem ser cumpridas em turmas de anos iniciais ou Educação Infantil, somente. Assim, desconstruindo todo aquele meu pensamento anterior de ter uma oportunidade de refletir minha própria prática, em minhas turmas, em minha carga horária, sem ônus, viabilizando reais mudanças/observações/construções na prática docente. 
O sentimento (e ressentimento) que carrego, foge às minhas forças, pois trata-se de uma questão de Legislação, superior às Diretrizes do próprio curso. Mas penso, com bastante mágoa, que a questão da formação em Pedagogia focar sua prática nestes níveis de ensino menosprezam sua importância nos outros, e que apresentam, as mesmas questões inerentes ao desenvolvimento e processo de ensino/aprendizagem:  didática, linguagem, psicologia, afetividade, identidade entre outras.
Não inicio este estágio com um pensamento otimista. Muito pelo contrário, tornar-se-á um período de bastante dificuldade, principalmente logística e financeira, infelizmente. Tentei, de todas as maneiras, tornar este estágio uma atividade de reformulação e reconstrução em minha própria prática (o que muitas colegas de anos iniciais poderão fazer). Compreendo as limitações burocráticas e de legislação. Mas, ao final do curso de Pedagogia, em plena atividade docente, me questiono "Onde está a Pedagogia?". A formação de professores, tanto nas Licenciaturas, como na Pedagogia, está focada na construção ou no resultado final?

quarta-feira, 19 de setembro de 2018

10/09 MATEMATICANDO

Nao sou matemática...na verdade tenho bastante problemas matemáticos. E faço uma forca descomunal para esconder isso dos meus alunos, quando reclamam problemas com a matemática. Nunca fluiu bem comigo, sempre se apresentava com muitos empecilhos e eu, talvez, bloqueada.
Já tivemos contato no curso com a disciplina de Matemática e agora estou fazendo uma disciplina eletiva, no mesmo tema. 
Nossa primeira reflexão foi sobre a forma e espaço. Espaço e forma são conceitos importantes, não somente na nossa orientação, como seres vivos no meio ambiente, mas também como identificadores de padrões que se repetem na natureza. Claro que menciono assim a importância do trabalho do espaço e forma nos anos iniciais porque não atuo neste nível, mas porque observo que nos anos finais esta necessidade e  importância ainda existem e persistem. Os alunos precisam, muitas vezes, aprimorar seus conceitos sobre diversos conceitos espaciais, e isso acabo explicando quando surgem as necessidades (anterior/ posterior, dorsal/ventral, dianteiros/traseiros, esquerda/direita) no desenvolvimento da matéria (principalmente corpo humano).
As questões geométricas, a forma e o espaço não estão somente na disciplina de matemática, são presentes em muitos momentos nas minhas aulas de Ciências também. E, inevitavelmente, reestabeleço meu contato com a matemática. Que seja proveitoso este estudo e aprimoramento!

segunda-feira, 17 de setembro de 2018

03/09 Lá vem o EIXO VIII

Este semestre ou eixo (como costumamos chamar no PEAD, inicia com um clima bem diferente doa demais. E isso tende a seguir também no próximo semestre, nosso último. São semestres atípicos dos demais por sua forma e conteúdo. No entanto, este espaço de comunicação e reflexão segue sendo alimentado. Com alegrias e tristezas, medos, angústias, vitórias e derrotas, mas segue recebendo esta escrita que não deve se distanciar da realidade. 
E nesta realidade, e na angústia que mencionei, encontro-me em legítimo tempo de espera. A espera pela definição da orientadora do estagio, das orientações do curso pela busca de documentações e assinaturas, os deslocamentos acertados e falhos para a Secretaria Municipal de Educação e CONGRAD do curso...
Algumas dessas esperas já se resolveram, pois escrevo este relato retroativamente. Mas ainda espero algumas definições para que o motivo principal deste semestre se inicie: o Estágio Docente.
Realizarei meu estágio na EJA, no turno da noite, na própria escola onde trabalho. Esta foi a solução viável diante das limitações logísticas da minha família, mas este não é, de verdade, o turno em que eu gostaria de atuar. Serão 45 dias de experiências gratificantes e frustradas (sempre existem as frustradas, sou realista), e espero aprender muito com estes alunos que me apresentarão vivências muito diferentes das que vivo nas turmas regulares.
Que venha o estágio. Ainda não estou pronta, ainda preciso observar o contexto de atuação e escrever o projeto. Mais uma espera que preciso ser paciente. E nesta espera (por mim mesma) reavalio os objetivos do estágio que tanto contexto. Mas sei que o final desta espera será válida, quando as ideias se organizarem para que os objetivos sejam vislumbrados.
OK, agora estou quase pronta...