quinta-feira, 24 de maio de 2018

14/05 VEM BRINCAR COM A GENTE!

Naquela noite fria a professora logo nos lembrou que poderíamos ter ouvido de outrem ou de nós mesmas a seguinte frase: "Uma palestra sobre o brincar? Mas já sabemos tudo sobre o brincar! Precisa uma palestra sobre isso?" Neste momento, mesmo negando em meus pensamentos que tenha pensado isso, confesso que durante o planejamento do dia e deslocamento para a aula eu pensei isso sim! 
Já nesta abordagem a professora Tania Fortuna demonstrou toda sua experiência e conhecimento sobre o Brincar. Brincou, em diversos momentos, com nossos pensamentos, com nossas memórias e construções. 
 Nos mostrou que as brincadeiras são poderosos instrumentos de coesão social, até mesmo quando são brincadeiras de comunicação não-verbal. Que os jogos nos levam ao caminho do conhecimento mútuo, nos convocando para a verdade, assim como são excelentes indicadores de liderança demonstrando os papéis das pessoas em determinado grupo.
Nos demonstrou, através de exemplos vividos, que a sala de aula rica é aquela que oferece possibilidade de alternâncias de emoções, levando nossos ânimos da agitação à quietude. E numa vivencia de retorno à nossa própria infância, nos mostrou que somos seres carregados do que já fomos. Somos, na verdade, um somatório. 
"Todas as idades ficam em nós e vão colaborando: 
infância, adolescência, juventude, mocidade, maturidade, velhice-aparências do corpo.
A alma faz coleção." 
(Alvaro Moreira, Havia uma oliveira no jardim).

E referenciando Freud, conclui "só pode educar quem se reconciliou com sua própria infância".
Nos tornamos quem somos pelas brincadeiras. Quando "brincamos de ser, não precisamos ser". Brincar de ser bandido, brincar de ser princesa, brincar de matar, brincar de morrer...essas contraposições da personalidade, essas experiências que substituem a realidade: A Vicária.
Nos levou também pelas mãos na reflexão dos significados da morte: uma construção de entendimento da permanência da ausência. Entender a perda, a morte, é interiorizar a falta, é "levar o que perdemos dentro de nós". 
Naquela noite, cansada e atrasada, pensei se seria importante uma palestra sobre o Brincar. Muitos novos conhecimentos foram agregados. O inesperado, no entanto, foi perceber que  os fatos da vida estão presentes sempre, até quando estamos brincando.
Brincando desenvolvemos e expandimos nossos limites externos e internos.
Obrigada, Professora Tania Fortuna!

segunda-feira, 14 de maio de 2018

07/05 JOVENS E ADULTOS EM SALA DE AULA



É perceptível que em nossa prática pedagógica os alunos que são "encaminhados" para  Educação de Jovens e Adultos (EJA) são alunos em idades muito discrepantes da idade dos demais estudantes dos níveis de ensino diurno. Por uma inadequação etária, em sua maioria, ou por apresentarem sucessivas manutenções, necessidade de introdução no mercado de trabalho ou por ter incompatibilidades pessoais com o ensino regular diurno alguns alunos são encaminhados para que concluam seus estudos na EJA. Alguns "indisciplinados" são "convidados" para EJA e, ao que parece, passam a apresentar uma disciplina diferente da que apresentavam antes. Outra parcela do público da EJA é formada por trabalhadores que destinam o turno da noite para a continuidade de seus estudos e capacitação. Nesta convivência, parece que os alunos "inadequados" ao ensino regular se enquadram e passam a apresentar outros perfis de comportamento. 
Certamente um dos desafios da EJA seja a continuidade e sequência do desenvolvimento das aulas, a frequência dos alunos e sua permanência no curso e, consequente, conclusão.
É indiscutível que a questão etária é um fator dificultante em nossas salas de aula, onde o planejamento é pensado para um público e suas necessidades e, dentro do mesmo grupo, encontramos grupos de alunos que não são contemplados da mesma maneira que os alunos na idade regular, que abrange a maioria da turma. Assim são rotulados como “desinteressados, bagunceiros, com pouca disponibilidade ao aprendizado”.
Creio que um fator importante para a prática pedagógica na EJA seja uma aproximação do ensino com conceitos relevantes e próximos ao cotidiano dos alunos. Ensinar para quem trabalhou o dia inteiro e ainda ensinar com distanciamento, certamente, não é a maneira de cativar estes alunos e garantir sua frequência e conexão com o aprendizado. Por apresentarem grupos culturais bastante variados, os alunos precisam encontrar pontos de conexão com a EJA, que os faça permanecer e concluir. Mais do que simplesmente concluir seus estudos, os alunos da EJA almejam também convivência e empatia, acolhida e entendimento de suas dificuldades para que prossigam e perseverem.

REFERÊNCIAS:
DE OLIVEIRA, Marta Kohl. Jovens e adultos como sujeitos de conhecimento e aprendizagem. IN: REVISTA BRASILEIRA DE EDUCAÇÃO SetOut/Nov/Dez 1999 n.º 12. Trabalho apresentado na XXII Reunião Anual da ANPEd, Caxambu, setembro de 1999.
GUIMARÃES VARGAS, Patrícia; CARDOSO GOMES, Maria de Fátima. Aprendizagem e desenvolvimento de jovens e adultos: novas práticas sociais, novos sentidos. Educação e Pesquisa, v. 39, n. 2, 2013.

quinta-feira, 3 de maio de 2018

30/04 REPLANEJANDO O PLANEJAMENTO

Pensamos em nossas salas de aula como espaços democráticos, que nosso planejamento seja flexível para se adequar às necessidades dos estudantes, organizamos planejamentos que contemplem as necessidades reais e modos de desenvolve-las. 
Aqui, de dentro da Faculdade de Pedagogia, analisamos nossa prática e vemos, na teoria, que a organização do planejamento é mais do que nossa própria organização. É a possibilidade de vislumbrar o andamento lógico da construção dos objetivos que queremos atingir com os alunos, avaliando as possibilidade de retomada, mudanças e adições de novos fatores neste processo. 
Na prática, em nossas salas de aula atuais, reavaliamos nossa prática já usual e percebemos que nossos planejamentos perpassam as questões teóricas relatadas neste texto. As questões subjetivas dos alunos e seus desenvolvimentos são importantes no desenvolvimento de nossos trabalhos. 
Mudei o planejamento que tinha em uma turma para tentar contemplar algumas necessidades bastante evidentes entre os estudantes. Apresentam frequente manifestação de detrimento da própria imagem, de suas habilidades cognitivas ou de suas posições sociais. Possuem desejo de aprender e se manifestar diferentemente, mas retomam o comportamento negativo e reiniciam o ciclo. Estão em pleno processo de autoconhecimento, avançam e retrocedem.
Estou com os olhos e ouvidos atentos para esta turma e procuro atender suas questões que são bastante peculiares. Ainda me falta colocar em prática alguma atividade que organize-os e lhes mostre que estes comportamentos são naturais, mas que já podem iniciar a autoavaliação de suas falas e modificar estes comportamentos. Assim, contribuindo para sua personalidade, sua autoestima e sua autoconfiança.
Estas questões não estão contempladas na minha disciplina. Sou a professora de Ciências deles. Mas creio que eu possa intervir positivamente nesta construção junto aos alunos.
Estou então vivenciando a reformulação, na prática, do meu planejamento.
Há momentos que o conteúdo poderá ficar, em alguns momentos, em segundo plano. Há momentos que os professores precisam sair um pouco de suas caixas.

REFERÊNCIA:
MARTINS, Elizete Ferreira Parnaíba; DANTAS, Maria de Lurdes Quaresma; PINHEIRO, Francimeire Leite. Autoconhecimento e autoestima. Id on Line REVISTA DE PSICOLOGIA, v. 5, n. 15, p. 37-47, 2011.