sexta-feira, 30 de março de 2018

26/03 EU, MEUS SELFS E MINHA SELFIE

Muitas ideias para colocar em prática e um desejo de ver as coisas acontecerem. Acho que já é um primeiro passo rumo a um trabalho de sucesso, além de ter em mãos um assunto maravilhoso para desenvolver e pesquisar. 
A questão da autoimagem dos adolescentes e todas as transformações que a puberdade lhes traz de novidade é um dos fatores que pode interferir na autoestima e questões de confiança em relação a própria aparência ou o seu valor na sociedade. Esta questão destaco agora em resposta à observação de uma manifestação negativa massiva dos jovens alunos em relação a própria aparência. Certamente é uma fase da vida em que a autoimagem conta muito e pode ser decisiva na postura desses adolescentes em seus meios de convívio.
As questões de investigação se concentram: 
a) em que momento iniciam essa não aceitação da própria aparência;
b) em quais modelos de aparência se embasam para definir seus padrões de "feio" e "bonito";
c) quais fatores familiares/sociais interferem nesta construção da autoimagem nesta fase da vida;
E em uma abrangência maior também considero como ferramentas importantes de investigação:
1) O papel das redes sociais na construção da autoimagem;
2) As diferenças de aceitar ser fotografado e fotografar a própria "selfie"
3) como se autorretratam nas selfies, que pontos de sua imagem destacam neste tipo de fotografias.
Inicialmente colocando as ideias em palavras para tentar organiza-las. Investigando a literatura para embasar esta discussão e enriquecer os pontos de aprofundamento.
Revisitando meus tempos de adolescente e lembrando como era estar nesta fase em que cada olhar alheio sobre nós parece nos arrebatar e destruir tudo o que considerávamos "aceitável" diante dos outros.
Resultado de imagem para  SELFIE

quinta-feira, 22 de março de 2018

19/03 SOU FEIA

See the source imageA inquietação de hoje me preocupa bastante. Como podem, jovens bonitos e saudáveis, dizerem em público "sou feio", "sou feia"?  Minha preocupação vai além da questão estética, obviamente, a qual não tem a menor importância nesta reflexão. Mas olho preocupada para este fato presente na sala de aula em grande quantidade, quando proponho aos alunos que façamos fotos para facilitar a identificação nos conselhos de classe. 
Os alunos apresentaram verdadeira repulsa e argumentaram que não gostam de fotos porque não se acham bonitos, são feios e "o que vocês vão fazer com essas fotos?" Certamente são fotos para utilização pessoal minha em meu ambiente profissional e não consigo encontrar outra utilidade para tal, mas aqui enquanto escrevo penso que podem ter medo de exposição pública e ridicularização. Imaginam que serão expostos e seus "defeitos" ressaltados em alguma observação maldosa. Imagino.
Outra questão que me pergunto é que estes alunos são pré-adolescentes e demonstraram este comportamento coletivamente. Em outra turma de alunos menores (de outro ano/ciclo) esta repulsa não foi observada. Pelo contrário, afetivamente fizemos as fotos e até algumas "selfies" para descontrair. Apresentaram, alguns, a costumeira timidez, mas não foram hostis como os alunos que me preocupam.
Quando as crianças começam a ter estes pensamentos? Por que pensam assim, onde buscam seus referenciais de "bonito" ou "feio"? Como trabalhar a autoestima com estas pessoas que, desde muito jovens, se autodenominam feios e agridem sua própria imagem?
Tentei de diversas maneiras fazer as fotos: individualmente, coletivamente, através de selfies. Todas tentativas frustradas. Ate que resolvi desistir e iniciei a aula. No meio da aula retomei o assunto e conversamos francamente sobre os padrões de beleza, sobre a incessante busca por beleza, sobre o que importa nas pessoas, sobre ser quem se é e aceitar nosso corpo, nossa vida, nossos próprios padrões. 
Conversamos sobre cuidados com o corpo, saúde física e mental, relacionamentos e que não devem aceitar imposições sobre suas características físicas. Que podemos engordar, emagrecer, pintar e cortar o cabelo, mudar o estilo das roupas, mas sempre aceitando quem somos, focando em nossa felicidade.
Fiquei um pouco melancólica pensando em quantas e quantas vezes repetirão esta frase "sou feio, sou feia" e quantas vezes ouvirão de pessoas que querem diminui-los ou machuca-los. 
E também estou pensando em como transformar um pouco esta ideia, elaborando um projeto de identidade, diferenças e valorização da pessoa. 
Espero conseguir colocar em pratica, e tornar a caminhada desta turma cada vez mais bonita!

terça-feira, 13 de março de 2018

12/03/2018 FALA QUE EU TE ESCUTO

Cresci ouvindo algumas histórias sobre minhas primeiras palavras e as engraçadas trocas de letras que eu fazia. As musiquinhas infantis que eram cantadas com palavras inventadas ou imitadas, tornando-as mais encantadoras ainda. Nestas memórias, também identifico, domesticamente, os mesmos padrões em meus três filhos, cada um com suas particularidades. É encantador ver como as crianças desenvolvem sua linguagem, desde os primeiros balbucios dos bebês e seu imenso esforço em tentar imitar as falas, até a fase em que iniciam a elaboração de frases e contextualizar as ideias, organizar os pensamentos e transmitir os seus desejos, angústias e observações do mundo.
Na aula presencial de ontem, professora Ivany Souza Avila nos apresentou estes primeiros instantes de reflexão sobre o processo de aquisição da linguagem. 
Observo que a linguagem e seu desenvolvimento não se restringem somente a estes estágios iniciais da vida, mas prosseguem pela vida toda. Isso vejo na linguagem dos alunos, no modo de falar, na maturidade em desenvolver suas frases e pensamentos e aquisição de novas palavras que enriquecem toda sua comunicação. O desenvolvimento da linguagem é constante, oportuniza um aperfeiçoamento que amplia nossas possibilidades diante do mundo e dos outros.
Assim como aprender um novo idioma representa toda a reorganização mental para a comunicação. 
Inicialmente, ofereço esta pequena reflexão sobre a linguagem oral, mas tenho consciência que ela é muito mais abrangente que isso: o corpo fala, a escrita fala, os movimentos falam. E todo este conjunto enriquece nossa linguagem, nossa ferramenta de comunicação com o mundo.
Falar, é somente o início de um grande processo que é a linguagem. Esta, muito mais ampla do que somente "falar". 
Foi uma noite enriquecedora e muitos aprendizados virão com esta disciplina. Bastante animada com isso!

terça-feira, 6 de março de 2018

05/03/2018 CHEGOU O EIXO VII



E um novo semestre começa com suas expectativas costumeiras e ansiedades exacerbadas. Não sei mensurar se estamos em uma fase de muitas demandas, muitas aulas presenciais, preparação para o estágio curricular, pensamentos sobre o TCC...ou se estou com uma ansiedade acima do normal. Porque sei que estas atividades todas se resolverão com o passar do semestre, que algumas madrugadas eu não dormirei, que terei muitas leituras, que terei muitas dúvidas, etc. Mesmo assim eu já sofro de um quadro de ansiedade que, por vezes, me bloqueia e paralisa. Noutras vezes me torno uma pessoa extremamente crítica e chata, reclamante e questionadora demais com o modo que o mundo funciona. E isso é muito desgastante e frustrante.
É um período de impotência, mas também sei que não posso ficar parada senão nada se resolve. Sei que este blog não é um espaço de terapia pessoal, mas é um espaço de aprendizagens e espero aprender com tudo isso. Rindo ou chorando, passarei por tudo isso.

Na aula presencial de ontem fomos convocadas para uma atividade com o curta-metragem EscolasDemocráticas(animação produzida por Ellen Stein, parte do documentário "Democratic Schools" de Jan Gabbert ,2006).
Em uma breve análise, recortamos do filme os nosso pontos de vista sobre o modelo educacional que observamos, os pontos que encontramos em comum com nossa educação e as nossas críticas ao mesmo. Não é uma animação engraçada, é um retrato triste. Que nos faz pensar em como poderíamos ter escolas que oportunizassem vivências e aprendizados aos alunos sem este velho modelo de doutrinação e dominância que observamos.

Em uma das cenas do filme uma aluna "derrama" o conteúdo de um livro dentro de seu cérebro, simbolicamente colorido de azul que era a cor contida no livro. Na cena seguinte os alunos estão em uma avaliação e a cor azul de seus cérebros flui para o papel, para a avaliação, simbolizando que o "conhecimento" era, na verdade, somente para a avaliação. Assim já fizemos tantas vezes como alunos, assim fazemos tantas vezes como professores. Não somos isentos de participar deste sistema, embora estejamos com as críticas a ele na ponta da língua. Mas que não percamos a esperança e energia de tentar fazer diferente todos os dias, nem que seja um pouquinho, pra ver o sol nascer de um novo jeito nas nossas salas, nos olhos e olhares dos nossos alunos e em nossas próprias vidas.