quinta-feira, 22 de junho de 2017

Madrinha Maria: Projeto de Extensão Adote um Bixo!

Finalizo nesta semana o projeto Adote um Bixo!
 A conclusão deste projeto, por si só, já demonstra a superação de dificuldades e o amadurecimento de ambas partes envolvidas. Nesta conclusão rememoro as etapas propostas e penso que, em cada uma delas, uma reflexão diferente foi proposta. Nestas reflexões, olhamos para a aluna "Bixo" pensando em como auxiliá-la, mas também nos olhamos por outro ângulo: "como gostaríamos de ser ajudadas".
Recentemente assisti a apresentação da Gislane da Silva Dorneles na disciplina de Psicologia e pude constatar o incremento em sua autoconfiança, sua desenvoltura e apropriação dos conceitos trabalhados. Fico satisfeita que tenha superado muitos dos seus "medos" e que os desafios tenham servido de estímulo à conclusão dos semestres que vivemos até aqui.
Nesta conclusão do projeto, o sentimento é de gratidão e satisfação por ter aprendido neste processo e ter crescido juntamente com a aluna que eu tinha a missão de "auxiliar". Em verdade, me aproprio do ganho maior, pois vejo também meu crescimento após este projeto. E que a Bixo siga seus caminhos sempre contando comigo e enfrentando suas limitações. Cada limite, um novo degrau superado!
Certamente coisas boas aconteceram. Mas este projeto teve também alguns momentos de incertezas e instabilidades. Hoje, retomando a escrita deste, avalio como um pouco tardia a finalização desta avaliação. Gostaria de ter feito uma autoavaliação e avaliação do projeto imediatamente após a conclusão do semestre em que tive mais contato com a aluna "bixo". 
Observei certa moderação da aluna em me consultar, por diversas vezes eu mesma procurei a aluna e ofereci auxílio. Aparentemente, esta "não queria incomodar". De maneira alguma e em momento algum houve restrição em auxiliá-la. Mas foi necessário um pouco de persistência de minha parte. Sei que ela superou diversas de suas dificuldades iniciais, e isso me orgulha e contenta. Vejo que conseguiu transpor barreiras que ela mesma pensava que não conseguiria. Pude ler e fazer algumas observações no seu documento avaliativo. Considero que houve bastante amadurecimento e incentivo para seguir no curso, superadas as dificuldades iniciais. E isto é uma das principais coisas boas que aconteceram.




quarta-feira, 14 de junho de 2017

E SEGUE O DESMONTE...

Desde o início do ano letivo de 2017 os professores da Rede Municipal de Ensino de Porto Alegre vem recebendo "novidades" implementadas pela gestão do novo Prefeito. Com autoritarismo e intransigência, decreta as mudanças e negocia nossos direitos em troca da adesão às tais mudanças. Iniciamos o ano sem nossa habitual vontade motriz, apedrejados por acusações e humilhações que não são ditas com tanta veemência para outros cargos do funcionalismo público. Nossos planejamentos anuais foram feitos quase individualmente, não pudemos pensar em ações coletivas, tampouco temos mais nosso horário semanal de articulação nas escolas (suprimidas as reuniões de professores). As informações sobre a escola e alunos, bem como trabalhos que estão em andamento são, agora, anunciados via mural ou individualmente para cada professor. A reunião semanal, que para muitos parecia ser desculpa para "liberar alunos e professores saírem mais cedo", ou "espaço para os professores ficarem falando bobagem" ou ainda espaço para que "ficassem livres dos alunos" era/ é um momento crucial para o desenvolvimento dos trabalhos de qualidade que desenvolvemos na escola. Não eram momentos, sequer, parecidos com os mencionados nas aspas acima. Eram momentos de articulação, de sintonia, de planejamento e discussão.
Aderimos (ou fomos obrigados a aderir) à nova rotina escolar que, entre tantas perdas para os alunos e para a escola, nos dá de presente a perda da coletividade e também enfraquece a democracia, abafa as luzes que antes elucidavam as questões e prioriza os pensamentos individuais.
Ontem, fomos surpreendidos com outra novidades: nossa equipe diretiva era composta por diretor e duas vice-diretoras. Uma delas será retirada do cargo porque a escola não se enquadra nos critérios de mais de 1100 alunos. Atendemos os três turnos da escola e ainda contamos com turmas integralizadas. Estas três pessoas atuando em conjunto garantem que a escola permaneça com seu bom funcionamento e tenhamos as demandas básicas atendidas. Uma dessas vice diretoras retornará às suas funções originais. Desarticula, desmobiliza, desestrutura: os três "Ds" da gestão Marchezan.
Com isso, cremos que a prefeitura terá uma economia "significativa" ao não precisar pagar as gratificações que tais cargos oneravam (não vamos discutir aqui as absurdas gratificações dos cargos de confiança que a prefeitura tem).
Em muitas escolas há falta de professores e novos professores concursados esperam um chamamento para assumirem seus cargos do último concurso ainda vigente. Com isso, também vemos a "economia" que a prefeitura pensa que vai salvar a nossa situação econômica.
Adriano Naves de Brito, nosso secretário de Educação, em 2016 escreveu "Gente aprende é com gente e para ensinar gente é preciso gente...A razão para isso é que a profissão exige uma heurística humana, quer dizer, a capacidade, que nos é típica, de solucionar problemas por meios aproximativos, avaliativos, intuitivos e calibrados por resultados empíricos e não por algoritmos exatos, o que está na base da dificuldade de realizar a tarefa por via inteiramente computacional."
Infelizmente, o escritor esqueceu-se de seus princípios e ideais, transformando nossa educação em um aglomerados de robôs desarticulados e individualistas, máquinas de educar, desprovidas das capacidades que menciona no texto como "heurística humana". Precisamos de GENTE para educar, concordo. Precisamos de PROFESSORES para que a EDUCAÇÃO mude. Mas também precisamos lembrar que pessoas são feitas de conhecimento, histórias e competências que vão além do registro do cartão-ponto, que escolas não são depósitos de crianças e que Educação se faz, sim, com DEMOCRACIA. Volta para a escola, professor.
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"Metropolis" (1927), de Fritz Lang. Uma reflexão tão atual que parece um enredo dos dias de hoje.







segunda-feira, 12 de junho de 2017

VAMOS PENSAR DEMOCRATICAMENTE!

Nas disciplinas de Organização e Gestão da Educação e Organização do Ensino Fundamental, discutimos e trabalhamos os conceitos de gestão e suas características. Pensando no modelo de gestão democrática (e este seria o modelo desejado para a construção da Educação que  acolhe os anseios da sociedade atual), vemos que nossas tentativas por ter as características dessa gestão em nossas organizações é, muitas vezes, uma utopia.
 As relações horizontais são um verdadeiro desafio nos processos organizacionais, em todos sentidos. Pensamos que é um modelo ideal de decisão e gestão de pessoas e ambientes, mas gera uma série de conflitos e até pode dificultar o processo decisório. A parte dificultosa é tanto para o gestor quanto para as partes gestadas. Porque, penso, que as pessoas confundem a horizontalidade com a livre e deliberada opinião sobre os assuntos de forma desfocada e, por vezes, egoísta; assim, torna-se um processo dificultoso, demorado e com muitos conflitos. Digo que seria o modelo ideal por levar em consideração as reivindicações de todas as partes envolvidas e a partir destas, o processo decisório seria tomado. Mas nestas construções, muitas vezes as pessoas se perdem e não conseguem ver o coletivo como parte importante deste processo. Assim, o gestor fica no meio de uma série de alternativas, perdido, sem conseguir construir coletivamente e horizontalmente as decisões necessárias, já que estas tencionam para diversas partes. É desafiador. Fossem sempre possíveis, as decisões horizontais seriam o reflexo das reivindicações de professores, alunos, pais, funcionários e toda comunidade escolar. Muitas vezes, não são possíveis essas tomadas de decisão (ou não há vontade de que estas sejam possíveis).
O gestor e a gestão democrática: por sua posição de gestor, muitas vezes terá de exercer seu papel de representante da Instituição de maneira autoritária, quando os interesses coletivos competem ou conflitam com as pressões que os gestores sofrem pelas Mantenedoras. O exemplo nítido dessa situação encontra-se no posicionamento de muitas equipes diretivas frente ao decreto da adoção da nova rotina escolar no Município de Porto Alegre. Pressionados, e cientes das perdas que os alunos sofrem com a nova rotina, direcionaram as negociações para que a nova rotina fosse adotada, dadas as dificuldades de gestão e organização que se impõem às escolas que não se enquadraram. Mesmo que a comunidade seja contrária, muitas escolas aderiram. Nesta circunstância, a posição autoritária, disfarçada de democrática, prevaleceu. Infelizmente.
Identifico mais características da gestão democrática-participativa na escola em que atuo, embora em algumas situações os gestores atuem de forma técnico-científica. A defesa de uma forma coletiva para tomada de decisões é predominante na escola, assim como não exclui a necessidade da coordenação mesmo sob a presença da gestão participativa.

REFERÊNCIA
LIBÂNEO, José Carlos. Organização e gestão da escola: teoria e prática; 6ª edição, São Paulo, Heccus Editora 2013