A Educação que temos e a Educação que queremos
Nesta semana que passou, muito lemos sobre educação na mídia. Especialistas e leigos mostrando que todos sabem e podem opinar sobre a Educação Brasileira. Após os infelizes incidentes no Paraná, surgiram muitos defensores da Educação Pública e, claro, alguém para culpar os professores de que a situação da Educação pública é culpa deles.
Atuamos em uma área em que todos se acham conhecedores, todos podem opinar. E, pior, deixamos isso. Mandos e desmandos nas Escola, burocracias desnecessárias, protocolos que "devem" ser seguidos, orientações de conduta, níveis que devemos alcançar...e por aí vai. Mas lá na ponta, na força de trabalho, está o professor com suas turmas, vendo a realidade de cada um, percebendo que as necessidades curriculares nem sempre se encaixam e que as metas estipuladas, não serão alcançadas porque temos outras prioridades na Escola.
Em meio a toda efervescência atual da educação pública (sim, temos atualmente, 10 estados com greves de professores), nós do curso de Pedagogia da UFRGS continuamos nossos estudos para atuar nesta área. Já me perguntaram: "mas com tanto curso para fazer, por que este?" A resposta, não dei...mas acho que seria: "é que AINDA acredito". Mas acho que acredito porque estou lá, na ponta da força de trabalho, vendo os resultados. E porque, na Comunidade, vemos também as famílias e suas histórias serem transformadas. Acredito que a Educação muda, sim, a perspectiva de uma pessoa diante da vida. Não sei se um acadêmico que nunca atuou na escola, recém ingresso no curso de Pedagogia, conseguirá ACREDITAR como eu...espero que sim.
Bom, mas temos muitas leituras que nos colocam em uma posição reflexiva diante de nossa prática. Nestas últimas semanas, através do texto “Sociedade, Cotidiano Escolar e Cultura (s): uma aproximação” (2002), Vera Candau nos convidou à reflexão da multiculturalidade e da problemática envolvida com as atuais configurações político-sociais e ideológicas. O texto destaca que há a necessidade de um diálogo intenso entre os grupos sociais e que esta relação ocorreria nos diferentes fóruns da sociedade em que os conflitos e embates multiculturais se dão. Defende que este diálogo não deve ser aprisionado no nível acadêmico, trazendo para nosso cotidiano escolar essa temática. Sim, precisamos falar de Política na Escola. Não somente das funções dos governantes, as divisões do poder, história da política. Mas sim, colocar nossa comunidade escolar em uma posição crítica diante da política de seu país, defensor de seus direitos e ciente de seus deveres. E mais: exigente de uma Educação que a contemple, que a insira. Uma Educação que seja feita para ela, e por ela. Ainda trabalhamos sob o espectro da educação moldada, pronta, "correta" e "necessária" aos alunos. Mas afinal, o que é correto e necessário? Ainda lidamos com estereótipos do que "é bonito", "saudável", "inteligente", "correto" e "necessário". Ainda lidamos com preconceitos, diariamente, de todos os tipos. A educação brasileira precisa desvelar o “mito da democracia racial”, tão arraigado no nosso imaginário social, para que sejamos capazes de assumir o caráter discriminador, hierarquizador, autoritário e de negação do “outro” da nossa sociedade, tão presente entre nós. Nossa educação tem características fortemente monoculturais e privilegia uma perspectiva universalista vinculada à visão iluminista da realidade.
Atuamos em uma área em que todos se acham conhecedores, todos podem opinar. E, pior, deixamos isso. Mandos e desmandos nas Escola, burocracias desnecessárias, protocolos que "devem" ser seguidos, orientações de conduta, níveis que devemos alcançar...e por aí vai. Mas lá na ponta, na força de trabalho, está o professor com suas turmas, vendo a realidade de cada um, percebendo que as necessidades curriculares nem sempre se encaixam e que as metas estipuladas, não serão alcançadas porque temos outras prioridades na Escola.
Em meio a toda efervescência atual da educação pública (sim, temos atualmente, 10 estados com greves de professores), nós do curso de Pedagogia da UFRGS continuamos nossos estudos para atuar nesta área. Já me perguntaram: "mas com tanto curso para fazer, por que este?" A resposta, não dei...mas acho que seria: "é que AINDA acredito". Mas acho que acredito porque estou lá, na ponta da força de trabalho, vendo os resultados. E porque, na Comunidade, vemos também as famílias e suas histórias serem transformadas. Acredito que a Educação muda, sim, a perspectiva de uma pessoa diante da vida. Não sei se um acadêmico que nunca atuou na escola, recém ingresso no curso de Pedagogia, conseguirá ACREDITAR como eu...espero que sim.
Bom, mas temos muitas leituras que nos colocam em uma posição reflexiva diante de nossa prática. Nestas últimas semanas, através do texto “Sociedade, Cotidiano Escolar e Cultura (s): uma aproximação” (2002), Vera Candau nos convidou à reflexão da multiculturalidade e da problemática envolvida com as atuais configurações político-sociais e ideológicas. O texto destaca que há a necessidade de um diálogo intenso entre os grupos sociais e que esta relação ocorreria nos diferentes fóruns da sociedade em que os conflitos e embates multiculturais se dão. Defende que este diálogo não deve ser aprisionado no nível acadêmico, trazendo para nosso cotidiano escolar essa temática. Sim, precisamos falar de Política na Escola. Não somente das funções dos governantes, as divisões do poder, história da política. Mas sim, colocar nossa comunidade escolar em uma posição crítica diante da política de seu país, defensor de seus direitos e ciente de seus deveres. E mais: exigente de uma Educação que a contemple, que a insira. Uma Educação que seja feita para ela, e por ela. Ainda trabalhamos sob o espectro da educação moldada, pronta, "correta" e "necessária" aos alunos. Mas afinal, o que é correto e necessário? Ainda lidamos com estereótipos do que "é bonito", "saudável", "inteligente", "correto" e "necessário". Ainda lidamos com preconceitos, diariamente, de todos os tipos. A educação brasileira precisa desvelar o “mito da democracia racial”, tão arraigado no nosso imaginário social, para que sejamos capazes de assumir o caráter discriminador, hierarquizador, autoritário e de negação do “outro” da nossa sociedade, tão presente entre nós. Nossa educação tem características fortemente monoculturais e privilegia uma perspectiva universalista vinculada à visão iluminista da realidade.
Em outra leitura muito esclarecedora, “ Um olhar sobre a educação
moderna no século XXI” (MISSIO &
CUNHA,2006), nos deparamos com o paradoxo da Modernidade e da pós-Modernidade: a Escola foi estruturada em uma época, em certos preceitos, que hoje já não são mais os que utilizamos, ou os que queremos. Como a Escola com conduta
Moderna se estabelece na sociedade pós-Moderna? Temos a necessidade de atuar na
escola pós-moderna considerando as multiplicidades de pensar, no respeito à
diversidade e diferenças individuais. Buscamos incessantemente um “fundamento e
uma legitimação de ordem cultural porque a cultura perdeu seu “norte” e ainda
baseia-se nas tradições e autoridade”. Na sociedade atual, temos o
multiculturalismo e na escola ainda predomina o monoculturalismo.
Estamos em conflito. Externos e internos, nas escola, na Educação e na Sociedade. Sobreviveremos? Sim, mas não queremos somente sobreviver, queremos viver! Com plenitude de direitos, com dignidade, igualdade e num Estado democrático. E isso, podemos e queremos discutir nas Escolas. E que a Educação seja feita por quem entende, ou quem realmente se interessa por ela.
REFERÊNCIAS DOS TEXTOS CITADOS:CANDAU, V.M. Sociedade, Cotidiano Escolar e Cultura (s): uma aproximação. Educação & Sociedade, ano XXIII, no 79, Agosto.2002.
MISSIO, Luciani
; CUNHA, Jorge Luiz da . Um olhar sobre a educação moderna no século XXI. In:
II Seminário Nacional de Filosofia e Educação, 2006, Santa Maria. Cultura e
Alteridade, 2006.
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