sábado, 27 de junho de 2015



 Nossa mente, nosso cérebro e nossas vidas!

Como vamos lidar com a gama de informações disponíveis atualmente? Há uma variedade e oferta incríveis de informações disponíveis na internet. Em poucos cliques as respostas estão disponíveis e o bom e velho livro é chamado de "chato, "obsoleto", ultrapassado pelas novas gerações. Até as gerações mais antigas não resistem aos cliques para solucionar dúvidas imediatas ou ter um contato superficial com alguma nova informação. No entanto, ao que nos parece, mesmo com toda essa grande oferta e sedução, não estamos mais sábios, pensadores, reflexivos acerca do que absorvemos ou sobre nossas questões humanas. Cada vez mais distantes uns dos outros, cada vez mais individuais, cada vez mais isolados do convívio ou até de nós mesmos. E essas mudanças da sociedade, claro, refletem no nosso cotidiano escolar. Nossos alunos estão sob uma overdose de informações fragmentadas, não conseguem articular sentido ao que veem e não são desafiados ao aprendizado através da construção e reflexão de novas informações. Os professores, que em maioria foram formados na cultura do livro (sim, utilizamos livros, índices, carregamos pilhas de folhas em nossas faculdades, em nossa formação) são desafiados diariamente por alunos que, desde cedo, foram acostumados com a cultura do instantâneo (MENEZES, 1999). E são (confesso) que são muito sedutoras as mídias videotecnológicas disponíveis. Mas também confesso, lamentavelmente, que estamos carentes de uma calma mental, um apoderamento lento e progressivo do conhecimento, um aprendizado substancial. Buscamos então, novas possibilidades de ensino, novos caminhos que possamos trilhar com nossos alunos, melhores formas de ensinar para potencializar os resultados do aprendizado (ZARO et al, 2010). Precisamos de fundamentos científicos de pesquisa educacional, para além das teorias. Assim, a Neuroeducação aborda o conhecimento e a inteligência integrando Psicologia, Educação e Neurociências. Essa área de pesquisa é fruto da necessidade do diálogo entre a ciência e sua aplicação, de maneira justificada e fundamentada (TOKUHAMA-ESPINOSA, 2008 in ZARO et al, 2010). Segundo Tokuhama-Espinosa, 14 princípios básicos são relacionados ao aprendizado e os aspectos estão ligados aos fatores psicológicos, fisiológicos e morfológicos (movimentos, tom de voz, expressões faciais).Os 14 princípios sugerem o que observamos em nosso cotidiano: o aprendizado é muito mais efetivo quando temos aprendizes em boas condições físicas e psicológicas. As tecnologias educacionais nos fornecerão um grande potencial para impor a atualização sobre as novas necessidades e formas de ensinar e aprender. Diante dos desafios dos novos comportamentos, das disponibilidades de informação e da organização do conhecimento, a Neuroeducação estabelece a oportunidade de integração de diversas áreas para dar um sentido necessário ao educando e educador da atualidade e do futuro.

REFERÊNCIAS

MENEZES, J.E.O As formas de percepção e as mudanças Culturais. Revista NIFE, Faculdades Sant’Anna, a.6, n.5, p.193-196. In Centro Interdisciplinar de Semiótica da Cultura e da Mídia. PUC-SP, mar.1999.

TOKUHAMA-ESPINOSA, T. N. The scientifically substantiated art of teaching: a study in the development of standards in the new academic field of neuroeducation (mind, brain, and education science). Tese de Doutorado, Programa de Pós-Graduação em Educação, Capella University, Mineápolis, Minesota. 2008.

VIDEO  BBC – O corpo Humano – O Poder do Cérebro. Disponível em https://youtu.be/r9LOlkEljvQ

ZARO, M.A;ROSAT, R.M; MEIRELES, L.O.R; SPINDOLA, M.; AZEVEDO, A.M.P; BONINI-ROCHA, A.C; TIMM, M.I. Emergência da Neuroeducação: a hora e a vez da neurociência para agregar valor à pesquisa educacional. Ciências & Cognição; Vol 15 (1): 199-210. 2010