Nossa mente, nosso cérebro e nossas vidas!
Como
vamos lidar com a gama de informações disponíveis atualmente? Há uma variedade
e oferta incríveis de informações disponíveis na internet. Em poucos cliques as
respostas estão disponíveis e o bom e velho livro é chamado de "chato,
"obsoleto", ultrapassado pelas novas gerações. Até as gerações mais
antigas não resistem aos cliques para solucionar dúvidas imediatas ou ter um
contato superficial com alguma nova informação. No entanto, ao que nos parece,
mesmo com toda essa grande oferta e sedução, não estamos mais sábios,
pensadores, reflexivos acerca do que absorvemos ou sobre nossas questões
humanas. Cada vez mais distantes uns dos outros, cada vez mais individuais,
cada vez mais isolados do convívio ou até de nós mesmos. E essas mudanças da
sociedade, claro, refletem no nosso cotidiano escolar. Nossos alunos estão sob
uma overdose de informações fragmentadas, não conseguem articular sentido ao
que veem e não são desafiados ao aprendizado através da construção e reflexão
de novas informações. Os professores, que em maioria foram formados na cultura
do livro (sim, utilizamos livros, índices, carregamos pilhas de folhas em
nossas faculdades, em nossa formação) são desafiados diariamente por alunos
que, desde cedo, foram acostumados com a cultura do instantâneo (MENEZES,
1999). E são (confesso) que são muito sedutoras as mídias videotecnológicas
disponíveis. Mas também confesso, lamentavelmente, que estamos carentes de uma
calma mental, um apoderamento lento e progressivo do conhecimento, um
aprendizado substancial. Buscamos então, novas possibilidades de ensino, novos
caminhos que possamos trilhar com nossos alunos, melhores formas de ensinar
para potencializar os resultados do aprendizado (ZARO et al, 2010). Precisamos de fundamentos científicos de pesquisa
educacional, para além das teorias. Assim, a Neuroeducação aborda o
conhecimento e a inteligência integrando Psicologia, Educação e Neurociências.
Essa área de pesquisa é fruto da necessidade do diálogo entre a ciência e sua
aplicação, de maneira justificada e fundamentada (TOKUHAMA-ESPINOSA, 2008 in
ZARO et al, 2010). Segundo
Tokuhama-Espinosa, 14 princípios básicos são relacionados ao aprendizado e os
aspectos estão ligados aos fatores psicológicos, fisiológicos e morfológicos
(movimentos, tom de voz, expressões faciais).Os 14 princípios sugerem o que
observamos em nosso cotidiano: o aprendizado é muito mais efetivo quando temos
aprendizes em boas condições físicas e psicológicas. As tecnologias
educacionais nos fornecerão um grande potencial para impor a atualização sobre
as novas necessidades e formas de ensinar e aprender. Diante dos desafios dos
novos comportamentos, das disponibilidades de informação e da organização do
conhecimento, a Neuroeducação estabelece a oportunidade de integração de
diversas áreas para dar um sentido necessário ao educando e educador da
atualidade e do futuro.
REFERÊNCIAS
MENEZES,
J.E.O As
formas de percepção e as mudanças Culturais. Revista NIFE, Faculdades Sant’Anna, a.6, n.5,
p.193-196.
In Centro Interdisciplinar de Semiótica da Cultura e da Mídia. PUC-SP, mar.1999.
TOKUHAMA-ESPINOSA, T. N. The scientifically substantiated art of teaching:
a study in the development of standards in the new academic field of
neuroeducation (mind, brain, and education science). Tese de Doutorado, Programa de
Pós-Graduação em Educação, Capella University, Mineápolis, Minesota. 2008.
VIDEO BBC
– O corpo Humano – O Poder do Cérebro. Disponível em
https://youtu.be/r9LOlkEljvQ
ZARO,
M.A;ROSAT, R.M; MEIRELES, L.O.R; SPINDOLA, M.; AZEVEDO, A.M.P; BONINI-ROCHA,
A.C; TIMM, M.I. Emergência
da Neuroeducação: a hora e a vez da neurociência para agregar
valor à pesquisa educacional. Ciências &
Cognição; Vol 15 (1): 199-210. 2010